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13/04/2007 - 09h26

Líder no Brasil, Arcoxia é barrado nos EUA

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VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

O conselho da FDA (a agência reguladora de medicamentos e comida dos EUA) rejeitou ontem, por 20 votos a 1, o pedido da farmacêutica Merck para comercializar a pílula Arcoxia, usado como analgésico e antiinflamatório, no mercado americano. O argumento é que o remédio pode aumentar riscos de doenças coronarianas.

O medicamento é hoje o antiinflamatório de poder analgésico mais vendido no Brasil em sua categoria, largamente indicado no tratamento da artrite, por exemplo. Ele é da mesma classe do Vioxx, retirado do mercado em 2004 por causa do risco de complicações cardiovasculares. Há ainda pelo menos três outras drogas de ação semelhante no mercado.

Segundo a FDA, só nos EUA a Arcoxia poderia causar 30 mil infartos por ano. "Trata-se do maior desastre de saúde pública em potencial", diz David Graham, médico-conselheiro da agência americana.

Nas farmácias brasileiras, a apresentação de 120mg do Arcoxia, com quatro comprimidos, é vendida, em média, por R$ 34. O medicamento é comercializado hoje em outros 62 países, além do Brasil. A FDA afirma que a Arcoxia tem três vezes mais chances de induzir um infarto que drogas da mesma classe.

Depois de uma bateria de testes com 34 mil pacientes que sofrem de artrite nos EUA, a FDA avalia que a substância "etoricoxib" não é mais eficaz no alívio da dor e aumenta a pressão arterial.

O conselho da FDA não tem poder de veto, apenas recomenda ou não a liberação de uma nova droga no mercado. Historicamente, a agência segue a orientação dos conselheiros. A decisão final sai até o fim do mês. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve se pronunciar hoje sobre a decisão do FDA.

Para a Merck, os riscos da Arcoxia não são maiores que os do diclofenaco, remédio amplamente usado em todo o mundo como antiinflamatório. O fabricante diz que 21 milhões de americanos que sofrem de artrite precisam de uma nova droga no mercado.

"Já era esperado. Eram medicações com farmacologia similares. Com isso era provável que o Arcoxia tivesse o mesmo efeito colateral sobre o aparelho cardiovascular que o Vioxx. Mas aparentemente o perigo está no uso crônico. O uso dele é muito disseminado na medicina", afirma Danilo Possídio, endocrinologista.

Para o clínico-geral Joel Tedesco, do Hospital das Clínicas de São Paulo, a substituição do Vioxx pelo Arcoxia foi "trocar seis por meia dúzia". "É um sucesso de marketing absoluto, especialmente nos consultórios dos dentistas e dos ortopedistas", avalia o médico. Tedesco disse acreditar que o Brasil seguirá a orientação do FDA.

Especial
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