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10/12/2000 - 09h32

Doença de Crohn tem difícil diagnóstico

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GUILHERME WERNECK
da Folha de S.Paulo

Quem é portador da doença de Crohn começa a enfrentar dificuldades antes mesmo de saber que sofre do mal. Isso porque essa doença crônica, que ataca o aparelho digestivo, dificilmente é diagnosticada corretamente, a não ser por um especialista.

Segundo Flávio Steinwurz, médico gastroenterologista e presidente da ABCD (Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn), o diagnóstico é difícil porque os sintomas se assemelham aos de muitas outras doenças. "Os pacientes têm febre, cólicas, diarréia e emagrecimento. Muitos pensam que estão com Aids", diz.

Outra confusão comum é com a apendicite. "As partes do intestino mais atacadas pela doença -o ílio e o cólon (veja quadro ao lado)- ficam na mesma região do apêndice. Há pessoas que descobrem que o problema é outro na mesa de operação", diz Steinwurz

Uma vez diagnosticada a doença, há tratamentos para que os portadores possam levar uma vida normal, sem limitações.

Para o médicos que encabeçam o Grupo de Intestino da Disciplina de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Aytan Miranda Sipahi e Adérson Omar Mourão Cintra Damião, o tratamento da doença de Crohn é muito complexo e envolve uma série de drogas, que vão desde antiinflamatórios a antibióticos.

Eles afirmam que a introdução de novas drogas tem permitido controlar melhor a doença. "Os avanços nas áreas de imunologia, genética e biologia molecular abrem perspectivas para o controle mais efetivo dessa enfermidade", diz Sipahi.

Uma droga norte-americana obtida por meio da biologia molecular, o Remicade, tem trazido benefícios para os pacientes de Crohn. Segundo Steinwurz, que trata dez pacientes com o Remicade, a droga apresentou bons resultados em 80% dos casos.

O problema do Remicade, assim como o de outras drogas utilizadas para o controle da doença de Crohn, é o preço. Cada ampola do remédio custa US$ 600, e a dose correta é de uma ampola para cada 20 quilos. Ou seja, uma pessoa de 80 quilos irá gastar US$ 2.400 por uma dose que deve ser tomada a cada três meses.

Mas, em São Paulo, há opções para baratear o tratamento. Um delas é associar-se à ABCD, o que pode ser feito no site da entidade (www.abcd.org.br). A mensalidade custa R$ 12 por mês e o associado consegue uma série de descontos em medicamentos, que são fruto de convênios entre a entidade e laboratórios farmacêuticos.

"Um paciente gasta aproximadamente de R$ 500 a R$ 600 por mês em remédios. Conseguimos descontos que vão de 35% a 40%, o que pode representar uma economia de cerca de R$ 200 por mês", afirma Steinwurz.
Outra forma menos onerosa de se tratar é procurar o Grupo de Intestino no Hospital das Clínicas, que tem ambulatório especializado em doença de Crohn e atende cerca de 500 pacientes.

O ambulatório se tornou um centro de referência para o tratamento de doenças inflamatórias intestinais e faz pesquisas clínicas e experimentais sobre o tema.

Contudo, os médicos não são capazes de traçar um quadro geral da doença no Brasil. "Não temos ainda estudos nacionais epidemiológicos da doença, apenas alguns trabalhos regionais. No entanto há consenso entre pesquisadores sobre a necessidade desse estudo", afirma Damião.

O presidente da ABCD concorda com Damião. Como comparação, ele informa que, nos EUA, há cerca de 750 mil portadores da doença, o equivalente a 0,3% da população do país.
 

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