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12/06/2000 - 22h51

Refém é obrigada a simular própria morte

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da Sucursal do Rio

A universitária Janaína Lopes Neves, 23, contou ter tido a certeza de que seria assassinada pelo sequestrador. Janaína foi obrigada por ele a simular a própria morte.

À noite, após deixar a 15ª DP (Delegacia de Polícia), na Gávea (zona sul), a estudante disse que o homem a cobriu com um lençol, obrigou-a a se abaixar e disparou um tiro bem perto de seus pés.

"Ele me pediu para ficar quieta, deitada. Disse que iria atirar, mas que não me acertaria. Achei que eu iria morrer", disse Janaína, que cursa administração de empresas na PUC (Pontifícia Universidade Católica).

Em conversa por telefone com o pai, a universitária falou que o criminoso chegou a enfiar o revólver na sua boca. "Ele fez um terror."

Estudante de comunicação na PUC, Luana Guimarães Belmont, 19, contou ter se oferecido para ajudar o homem no contato com os outros reféns.

"Todo mundo estava morrendo de medo. Ele era muito inconstante. Uma hora dizia que queria sair, outra que iria ficar. Depois disse que não queria ir para um presídio, onde só tinha inimigos. Depois pediu dinheiro, granada, revólver, falar com delegado, desembargador. Me ofereci para ajudá-lo, e ele aceitou", afirmou.

Para a universitária, o sequestrador era um homem desesperado, que demonstrava saber que tinha poucas chances de sair vivo dali.

"No fim, ele escreveu em um bilhete passado à polícia que não queria matar ninguém. Só queria um carro e uma granada", disse ela, que se comunicou por sinais com os policiais, avisando que Janaína estava viva.

A refém Antônia Cardoso da Costa, nervosa e tremendo muito assim que foi libertada, contou que teve de dar seu dinheiro para que o sequestrador não a matasse.

"Foi um horror, foi um horror. Eu tive que dar meu dinheiro para ele não me matar lá no banco de trás."

Antônia chegou a pensar que o sequestrador havia baleado a estudante Janaína.

"Ele atirou em uma moça, mas não matou, só baleou", afirmou ela, que, mais tarde, foi informada de que o tiro não chegou a atingir a jovem.

De acordo com Antônia, o sequestrador demonstrava muita agressividade e repetia várias vezes que iria matar a todos.

"Ele dizia que iria acabar com todo mundo, que matava todo mundo. Depois ele levou a gente para o banco de trás e ameaçou matar. Aí eu ofereci meu dinheiro para que ele não me matasse", afirmou.

Segundo policiais da 15ª DP, outro suposto refém, libertado antes do fim do sequestro, era suspeito de ter participado do assalto.

O nome dele é Carlos Leite Faria, o segundo a sair do ônibus. Ele teria pulado da janela ainda durante a ação do criminoso, fingindo-se de refém para escapar da prisão.

A suspeita não foi confirmada pela delegada Martha Rocha, titular da 15ª DP.

Faria, que prestou depoimento na delegacia, se defendeu da acusação, dizendo que não fugiu, mas foi libertado pelo sequestrador.

"Eu estava indo comprar ferramentas na rua Buenos Aires, quando aconteceu o assalto. Depois de um tempo ele (o sequestrador) me libertou", disse Faria.

A polícia não encontrou nenhuma arma com ele. Após o fim do sequestro, todos os seis reféns que ainda estavam no ônibus foram levados para a delegacia.

Os reféns devem voltar amanhã à delegacia para prestar depoimentos mais detalhados.

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