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13/06/2000 - 22h26

Impunidade motivou policias

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GABRIELA ATHIAS da Folha de S.Paulo

Representantes de quatro entidades de direitos humanos e um pesquisador disseram à Folha que os PMs do Rio, acusados de asfixiar o sequestrador Sandro do Nascimento, agiram, entre outras razões, motivados pelo sentimento de impunidade.

O pesquisador Ignacio Cano, do Instituto Superior de Estudos da Religião (Iser), no Rio, acompanhou na Justiça Militar a apuração de 301 homicídios cometidos por policiais militares daquele Estado, entre 1993 e 1996. Resultado: 295 foram arquivados e seis foram julgados. No tribunal, todos os policiais foram absolvidos.

"A possibilidade de condenar um policial é muito pequena", declarou Cano. Nesse caso específico, o pesquisador espera que seja diferente: "As televisões filmaram o sequestrador entrando vivo no carro da polícia e o laudo do IML confirmou a asfixia", disse.

Para Suely Bellato, da Comissão Nacional de Justiça e Paz (ligada à CNBB), ao asfixiar o sequestrador, os policiais "agiram como qualquer criminoso".

"Qual é a diferença entre os soldados e qualquer uma das pessoas que queriam linchar o homem?", questionou Suely.

Ela ressaltou que a Polícia Militar agiu de forma "criminosa", justamente quando membros da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) encontravam-se no país: "O Estado demonstrou indiferença pela vida na vista da imprensa e da OEA".

Cano, do Iser, disse que o asfixiamento do sequestrador é uma demonstração do uso da violência motivado por vingança: "Os policiais descontaram a morte da refém no sequestrador".

Para ele, o ideal seria a redução do uso da violência, mas ressaltou que, quando isso é inevitável, a força deve ser usada de forma profissional.

"Os policiais não podem descontar a ineficiência da corporação nos acusados", disse.

Iberê Bandeira de Mello Filho, da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo, disse que só a impunidade não é suficiente para explicar o fato de policiais matarem um preso: "É preciso verificar a condição emocional desses homens".

Antônio Funari Filho, integrante da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, disse que a sociedade brasileira precisa discutir de que forma é possível quebrar o ciclo de violência, instalado no aparato policial das cidades brasileiras.

Clique aqui para ler toda a cobertura do caso na página especial Pânico no Rio

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