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17/03/2001
-
03h41
SABRINA PETRY e CRISTIAN KLEIN, da Folha de S.Paulo
Apesar de ter sido avisada pela Petrobras de que não há chances de haver sobreviventes na plataforma P-36, Maria Domingas Souza, mulher de um dos funcionários dados como mortos, Luciano Cardoso Souza, afirmou ontem à noite acreditar que o marido ainda esteja vivo.
"Eles dizem que todos morreram, mas eu sei que tem vida lá dentro. Só que eles não estão se esforçando para tentar resgatar as pessoas. Quero o resgate do meu marido vivo ou morto, depois quero mais é que aquela plataforma afunde", afirmou.
Maria Domingas, 44, negou que o marido faça parte da brigada de incêndio, contrariando informação divulgada pela Petrobras de que os dez funcionários que estavam na coluna no momento da segunda explosão são da equipe de combate às chamas.
"Meu marido é operador de petróleo, não era da equipe de combate a incêndio", afirmou. Segundo ela, além de Luciano, de 46 anos, outros mortos também não pertencem à brigada de incêndio.
Anteontem, a Petrobras informou que os envolvidos no acidente faziam parte do grupo de emergência e teriam entrado na coluna por ter treinamento de combate a fogo.
Ela disse também que as famílias pediram para sobrevoar a plataforma para acompanhar o trabalho da empresa. "Eles não deram autorização. Eles não ligam para as vítimas, só para a perda material, só para a plataforma."
Os três filhos do casal ficaram muito chocados com a notícia da morte do pai. Ramon, 13, chora compulsivamente. Diego, de 16 anos, num acesso de desespero, riscou com caneta esferográfica uma foto em que o pai aparecia em frente a uma placa onde lia-se "Petrobras" e "P-36".
Maria Domingas contou que essa seria a última vez que o marido, que é do Ceará e trabalha na Petrobras há 20 anos, embarcaria numa plataforma. "Ele ficava muito deprimido e tinha medo porque o trabalho é muito perigoso. Depois dessa vez ele ia pedir para trabalhar em terra."
Segundo Maria Domingas, a Petrobras tem orientado as famílias a não se comunicar com a imprensa. Essa também é a orientação dada a funcionários da empresa. Um técnico da estatal, que embarcou ontem para a plataforma P-35, onde passará as próximas duas semanas, disse ter recebido a orientação de não se pronunciar sobre o assunto.
"Estou com muito medo de embarcar depois desse acidente, mas não posso falar nada, porque se a Petrobras descobrir, posso ser suspenso ou demitido", disse o técnico, que trabalha na empresa há 25 anos e não quis se identificar. Amigo de dois dos mortos, ele contou já ter passado por situações de risco na P-35.
Até ontem à tarde, os familiares dos funcionários dados como desaparecidos tinham esperança de que fossem encontrados vivos. Eles têm sido mantidos numa sala na base da Petrobras, em área cujo acesso é proibido à imprensa.
Tiago Lopes, professor da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) que estava na plataforma P-36 no momento do acidente, passou o dia ontem à base de sedativos.
Lopes teve uma crise de hipertensão e, por recomendação médica, ficou o dia todo em repouso. Amigos que estiveram com o professor disseram que ele ficou muito abalado com o acidente.
Leia especial sobre as explosões na plataforma da Petrobras
"Quero o meu marido vivo ou morto", diz mulher de petroleiro
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Apesar de ter sido avisada pela Petrobras de que não há chances de haver sobreviventes na plataforma P-36, Maria Domingas Souza, mulher de um dos funcionários dados como mortos, Luciano Cardoso Souza, afirmou ontem à noite acreditar que o marido ainda esteja vivo.
"Eles dizem que todos morreram, mas eu sei que tem vida lá dentro. Só que eles não estão se esforçando para tentar resgatar as pessoas. Quero o resgate do meu marido vivo ou morto, depois quero mais é que aquela plataforma afunde", afirmou.
Maria Domingas, 44, negou que o marido faça parte da brigada de incêndio, contrariando informação divulgada pela Petrobras de que os dez funcionários que estavam na coluna no momento da segunda explosão são da equipe de combate às chamas.
"Meu marido é operador de petróleo, não era da equipe de combate a incêndio", afirmou. Segundo ela, além de Luciano, de 46 anos, outros mortos também não pertencem à brigada de incêndio.
Anteontem, a Petrobras informou que os envolvidos no acidente faziam parte do grupo de emergência e teriam entrado na coluna por ter treinamento de combate a fogo.
Ela disse também que as famílias pediram para sobrevoar a plataforma para acompanhar o trabalho da empresa. "Eles não deram autorização. Eles não ligam para as vítimas, só para a perda material, só para a plataforma."
Os três filhos do casal ficaram muito chocados com a notícia da morte do pai. Ramon, 13, chora compulsivamente. Diego, de 16 anos, num acesso de desespero, riscou com caneta esferográfica uma foto em que o pai aparecia em frente a uma placa onde lia-se "Petrobras" e "P-36".
Maria Domingas contou que essa seria a última vez que o marido, que é do Ceará e trabalha na Petrobras há 20 anos, embarcaria numa plataforma. "Ele ficava muito deprimido e tinha medo porque o trabalho é muito perigoso. Depois dessa vez ele ia pedir para trabalhar em terra."
Segundo Maria Domingas, a Petrobras tem orientado as famílias a não se comunicar com a imprensa. Essa também é a orientação dada a funcionários da empresa. Um técnico da estatal, que embarcou ontem para a plataforma P-35, onde passará as próximas duas semanas, disse ter recebido a orientação de não se pronunciar sobre o assunto.
"Estou com muito medo de embarcar depois desse acidente, mas não posso falar nada, porque se a Petrobras descobrir, posso ser suspenso ou demitido", disse o técnico, que trabalha na empresa há 25 anos e não quis se identificar. Amigo de dois dos mortos, ele contou já ter passado por situações de risco na P-35.
Até ontem à tarde, os familiares dos funcionários dados como desaparecidos tinham esperança de que fossem encontrados vivos. Eles têm sido mantidos numa sala na base da Petrobras, em área cujo acesso é proibido à imprensa.
Tiago Lopes, professor da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) que estava na plataforma P-36 no momento do acidente, passou o dia ontem à base de sedativos.
Lopes teve uma crise de hipertensão e, por recomendação médica, ficou o dia todo em repouso. Amigos que estiveram com o professor disseram que ele ficou muito abalado com o acidente.
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