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17/03/2001 - 03h45

Para Reichstul, este é o seu pior momento

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da Folha de S.Paulo, no Rio

No próximo sábado, Henri Phillipe Reichstul completa dois anos de gestão na presidência da Petrobras. Esses últimos dois dias, na sua opinião, estão sendo os momentos mais críticos desse período, por causa da aflição vivida com os nove funcionários desaparecidos e pelo menos um morto, no acidente da P-36.

"Sem dúvida, esse é o pior acidente de minha gestão. A morte de um funcionário e os desaparecidos representam um baque muito grande. É um momento muito difícil."

Desde sua posse, Reichstul tem enfrentado frequentes acidentes ambientais causados por vazamentos em dutos da Petrobras, que causaram desgaste na imagem da empresa. O maior deles, em julho de 2000, derramou 4 milhões de litros de óleo na área da refinaria Presidente Vargas, em Araucária (PR).

Reichstul rejeita as afirmações de que os acidentes poderiam fazer parte de uma estratégia que tem a finalidade de facilitar o processo de privatização da Petrobras. Por essa tese, o desgaste de imagem tornaria a população favorável à venda da estatal.

"Todo o esforço do governo e da minha gestão tem sido no sentido de transformar a Petrobras numa empresa de energia integrada, não apenas de extração de petróleo, tornando-a mais competitiva diante da concorrência. Só neste ano estamos investindo US$ 6 bilhões, ninguém faz isso para enfraquecer a empresa", afirmou.

Ele também foi veemente ao afirmar que nenhuma das investigações em torno dos acidentes da Petrobras indicou a possibilidade de que tenha havido sabotagem.

"Seria uma saída muito fácil enveredar por esse caminho. Não temos nenhuma evidência de sabotagem. Estamos fazendo investimentos para sanar nossas próprias deficiências e transformar a empresa num exemplo de gestão ambiental", afirmou.

A preocupação imediata de Reichstul é dar apoio às famílias dos desaparecidos na explosão e fazer esforços para que seja possível o resgate de corpos na estrutura da plataforma. "Não estamos medindo gastos com essa operação. Queremos recuperar os corpos, já que são remotíssimas as possibilidades de que ainda existam sobreviventes."

Permanência
O ministro de Minas e Energia, José Jorge, afirmou ontem que não vê problemas na permanência de Reichstul à frente da empresa após o acidente.

Segundo José Jorge, Reichstul tem tomado todas as providências possíveis para contornar os problemas decorridos do acidente. "Ele tem feito uma boa administração, apesar de alguns problemas que tem enfrentado", disse o ministro, referindo-se também aos vazamentos de óleo em áreas de proteção ambiental registrados nos últimos anos.

Por determinação do presidente Fernando Henrique Cardoso, José Jorge passou anteontem em Campos, no Rio de Janeiro, acompanhando os trabalhos emergenciais da Petrobras.

Há apenas quatro dias no cargo, José Jorge evitou fazer prognósticos mais precisos sobre o acidente e suas consequências. "A questão é muito técnica", insistiu.

Apesar disso, disse que a plataforma havia afundado mais dois metros ontem, mas manteve a mesma inclinação.

Ontem, o ministro deu como certa a morte dos nove funcionários da Petrobras que estavam sendo considerados desaparecidos, apesar de a empresa não ter tomado tal decisão.

"Eles estavam dentro de uma estrutura que equivale a um prédio de dez metros quando houve a segunda das três explosões. Não há como sair de lá vivo", afirmou.

Segundo José Jorge, os técnicos da Petrobras avaliavam a possibilidade de deslocar outra plataforma para o local ocupado atualmente pela P-36, caso ela seja considerada irrecuperável ou afunde.

Segundo ele, isso faria com que parte da produção do poço -que equivale a 6% da produção total da Petrobras- possa ser recuperada mais rapidamente.

Multa
O ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) disse ontem que a Petrobras poderá ser multada em mais de R$ 160 milhões, se o laudo técnico sobre o acidente comprovar que "houve negligência ou que não houve cumprimento do plano de emergência".

Para ele, o risco de a plataforma afundar é mínimo. Se isso acontecer, a expectativa é que 1,5 milhão de litros de óleo sejam despejados no mar.
Esse seria o principal dano ambiental. Em menos de 24 horas, no entanto, a corrente marítima levaria a mancha para alto-mar, segundo o estudo.

O ministro Aloysio Nunes Ferreira Filho (Secretaria Geral da Presidência) disse não acreditar na hipótese de sabotagem, supostamente arquitetada por lobistas da tese da privatização. "O país não quer que a Petrobras seja privatizada. Sinceramente eu não acredito em sabotagem."

Os dois ministros participaram ontem em São José do Rio Preto (451 km de SP) do primeiro seminário do projeto "Tratamento e Destinação Final de Embalagens Vazias de Agrotóxicos", lançado no final do ano.

  • Colaboraram a Agência Folha e a Sucursal de Brasília

    Leia especial sobre as explosões na plataforma da Petrobras
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