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17/03/2001 - 16h58

P-36 afunda mais meio metro da noite de ontem até esta manhã

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CRISTIAN KLEIN e
SABRINA PETRY
da Folha de S.Paulo, em Macaé

O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, afirmou que a plataforma de petróleo P-36, na Bacia de Campos, afundou mais meio metro da noite de anteontem até o início da manhã de hoje.

Segundo Reichstul, as perspectivas de que a plataforma não afunde completamente ficaram mais otimistas, uma vez que a P-36 havia adernado 1,5 metro no primeiro dia do acidente, na quinta-feira, e, anteontem, estava afundando num ritmo de 2 metros a cada seis horas.

A P-36, a maior plataforma de produção de petróleo em alto-mar do mundo sofreu três explosões na madrugada da quinta-feira. O gerente-executivo de Exploração e Produção da Região Sul-Sudeste da Petrobras, Carlos Tadeu da Costa Fraga, afirmou que 30 pessoas, entre mergulhadores, engenheiros e técnicos, estão trabalhando na tentativa de salvar a plataforma.

Segundo ele, os técnicos vedaram buracos na coluna atingida pelas explosões para evitar mais entrada de água na plataforma. Ele também disse foram instaladas mangueiras na P-36 para permitir a injeção de nitrogênio na coluna inundada. O objetivo é que o gás expulse a água que está na coluna e, com isso, a plataforma recupere a sua estabilidade.
Reichstul afirmou que a prioridade é estabilizar a plataforma para resgatar os corpos dos 10 trabalhadores desaparecidos. A Petrobras não acredita mais que haja sobreviventes. "Eles pagaram com suas próprias vidas para defender a segurança da plataforma, dos nossos funcionários e dos nossos terceirizados", disse.
Reichstul afirmou que os dez trabalhadores pertenciam a duas brigadas de incêndio e tinham a obrigação de proteger os outros funcionários. "Nenhuma pessoa que não estava envolvida no combate foi ferida. Esses dez trabalhadores são heróis, são bravos", disse Reichstul, em Macaé.
A família de Sérgio dos Santos Souza, uma das vítimas, no entanto, estava revoltada com o acidente e disse que os funcionários da brigada de incêndio não estavam preparados para a função.
"Meu irmão era mecânico. Essas brigadas são formadas por trabalhadores que têm outras funções na empresa. Tem eletricistas, operadores de tubulação. É um absurdo. Eles são submetidos a múltiplas funções e, num momento desse, de acidente, estão cansados e sem o preparo adequado. Não são bombeiros", disse Sandra Maria dos Santos Souza, irmã da vítima, que veio de Salvador, onde mora, com outros três irmãos da família.
O resgate dos dez trabalhadores é dificultado porque todos os corpos, segundo a Petrobras, estão confinados na coluna que explodiu e está inundada. Na noite de anteontem, um grupo de mergulhadores, incluindo estrangeiros especializados em resgate de embarcações, foi à plataforma por meio de um barco inflável.
A aproximação, considerada de altíssimo risco, pois a plataforma ainda não está estável, foi feita de forma voluntária pelos mergulhadores. "Nossa responsabilidade é reencontrar os corpos e entregá-los às famílias, evitar um problema ambiental e, quem sabe, recuperar a plataforma no futuro", disse Reichstul.
O coordenador regional do Ibama, no Rio, Carlos Henrique Mendes, que também foi a Macaé, disse que as plataformas da Petrobras não têm plano de emergência contra vazamento de óleo em caso de colapso e afundamento.

Embora atualmente essa não seja uma exigência do Ibama, Mendes afirmou que o instituto vai defender sua obrigatoriedade. Segundo o coordenador, que se encontrou com Reichstul, a Petrobras tem condições de recolher um possível vazamento em três horas.

Ontem, a empresa aumentou a barreira de contenção de óleo de 1.200 m para 2.800 m. Se a mancha não for contida em 300 horas, ela pode chegar ao litoral de Cabo Frio e de Cabo de São Tomé.

Colaboraram KARINE RODRIGUES e DANIELA MENDES, da Sucursal do Rio.

Leia mais notícias sobre o acidente na P-36
 

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