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19/03/2001 - 11h42

Mau tempo impede resgate dos corpos e P-36 volta a afundar

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo

Nas últimas 12 horas a plataforma P-36, da Petrobras, afundou mais cerca de meio metro e a inclinação voltou a aumentar, depois de cair 2 graus no sábado. Ela já estaria com 25 graus, depois de perder 2 graus de inclinação no sábado. Os trabalhos para salvar a P-36 _maior plataforma petrolífera do mundo_ estão sendo prejudicados pelo mau tempo.

Uma das estratégias é a injeção de substâncias e gases (como hidrogênio e oxigênio) na coluna atingida pelas explosões. O objetivo: expulsar a água e tentar "levantar" a plataforma, que custou US$ 356 milhões.

Se bem-sucedido, esse trabalho de estabilização levaria à segunda fase da operação: rebocar a estrutura para uma região marítima menos turbulenta, mais próxima à costa. Aí começaria a terceira fase: a tentativa de salvar a P-36, reformando-a.

O seguro da P-36 permite gastos de até US$ 130 milhões na tentativa de recuperação da estrutura. O mau tempo, derivado de uma frente fria que chegou ontem à bacia de Campos, pode colocar todo o trabalho a perder. Se afundar, a P-36 irá mergulhar a 1.360 metros de profundidade, sem chances de ser içada.

A assessoria da Petrobras informou que ainda não foi possível abrir o compartimento onde estão os corpos de outros nove desaparecidos. Segundo a Petrobras divulgou na sexta, todos estão mortos. No Hospital da Força Aérea, há um ferido em estado crítico, com 98% do corpo com queimaduras de segundo e terceiro graus.

A Petrobras contratou técnicos de uma empresa holandesa especializados em resgatar embarcações inundadas para tentar salvar a plataforma.

Desde sábado, já foram injetadas 4.100 toneladas de nitrogênio no pilar em que ocorreram as explosões na quinta-feira passada e que ocasionaram o afundamento de parte da plataforma.

Equipes de salvamento que trabalham na plataforma P-36 da Petrobras na bacia de Campos (Rio de Janeiro) resgataram no sábado o primeiro corpo de uma das vítimas do acidente ocorrido na quinta-feira no local, identificado como Sérgio dos Santos Souza, 34, mecânico. Ele era casado, tinha dois filhos e trabalhava havia 12 anos na estatal. Seu corpo deverá seguir para a Bahia.

O corpo foi encontrado por volta das 11h por funcionários voluntários que entraram na P-36 neste sábado (17) e seguiu de helicóptero para o IML de Macaé. O cadáver estava partido em dois na altura da cintura e apresentava queimaduras.

Operação estabilidade
A Petrobras já conseguiu retirar 700 toneladas de água da plataforma P-36. A expectativa é que a plataforma se estabilize apenas quando forem retiradas pelo menos 4.000 toneladas de água. Antes do início da operação de sucção de água, havia cerca de 7.000 toneladas de água na plataforma.

O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, diz que a prioridade agora é estabilizar a plataforma para que os corpos das vítimas das explosões sejam resgatados.

O resgate dos dez trabalhadores é dificultado porque todos os corpos, segundo a Petrobras, estão confinados na coluna que explodiu e está inundada pela água. Reichstul afirmou que os dez trabalhadores pertenciam a duas brigadas de incêndio e, por isso, tinham a obrigação de proteger os outros funcionários. "Nenhuma pessoa que não estava envolvida no combate foi ferida. Esses dez trabalhadores são heróis, são bravos", disse ele em Macaé.

A família de Sérgio dos Santos Souza, uma das vítimas, no entanto, estava revoltada com o acidente e disse que os funcionários da brigada de incêndio não estavam preparados para a função.

"Meu irmão era mecânico. Essas brigadas são formadas por trabalhadores que têm outras funções na empresa. Tem eletricistas, operadores de tubulação. É um absurdo. Eles são submetidos a múltiplas funções e, num momento desse, de acidente, estão cansados e sem o preparo adequado. Não são bombeiros", disse Sandra Maria dos Santos Souza, irmã da vítima, que veio de Salvador, onde mora, com outros três irmãos da família.

Na noite da sexta, um grupo de mergulhadores, incluindo estrangeiros especializados em resgate de embarcações, foi à plataforma por meio de um barco inflável.

A aproximação é considerada de altíssimo risco, pois a plataforma ainda não está estável, e foi feita de forma voluntária pelos mergulhadores. "Nossa responsabilidade é reencontrar os corpos e entregá-los às famílias, evitar um problema ambiental e, quem sabe, recuperar a plataforma no futuro", disse Reichstul.

Leia especial sobre as explosões na plataforma da Petrobras

 

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