Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
22/03/2001 - 03h57

Alarme indicou vazamento em explosão

Publicidade

ANTONIO CARLOS DE FARIA, da Folha de S.Paulo

Um alarme de emergência foi acionado na sala de controle da plataforma P-36, indicando vazamento de gás, antes da segunda das três explosões que a danificaram, causando a morte de dez petroleiros e seu afundamento.

A presença de gás foi detectada por sensores automáticos em local próximo da coluna onde ocorreram as explosões, segundo relatou ontem o operador da sala de controle da plataforma Carlos Alberto Sampaio, 35, que trabalhava no momento do acidente.

Segundo o supervisor da P-36, Sebastião Filho, 38, esse vazamento teria ocorrido em salas próximas à coluna, onde não passam dutos de gás.

"Foi observado gás. É possível que esse tenha sido o motivo (das
explosões)", disse o também supervisor Luiz Mário Linhares de Azevedo, 44. Ambos estavam na P-36 quando ela explodiu.

Na coluna existia um tanque de resíduos onde eram armazenados os líquidos restantes do trabalho da plataforma, cuja finalidade era separar o petróleo do gás extraídos de poços submarinos.

Carlos Eduardo Bellot, gerente-geral da Petrobras na bacia de Campos, onde ficava a P-36, disse que a presença de gás na coluna e a possibilidade de que ele tenha sido gerado a partir do tanque de resíduos são fatores que serão investigados pela comissão de sindicância constituída pela estatal.

O supervisor Sebastião Filho afirmou que o tanque de resíduos estava inoperante e isolado. Ele não acredita que a explosão tenha se originado nesse equipamento.

Bellot também disse que só o trabalho da comissão de sindicância poderá esclarecer a possibilidade de que falhas do equipamento automático de combate a incêndio teriam sido detectadas em um boletim emitido pela P-36 três dias antes das explosões.

Todas as plataformas emitem boletins diários de produção. Neles também são informados problemas que possam ter ocorrido.

Os boletins de produção são documentos que foram solicitados pelo delegado Antonio Carlos Carvalho, responsável pelo inquérito da Polícia Civil que investiga as causas das explosões na plataforma. A Petrobras vetou a distribuição dos boletins à imprensa.

Carvalho disse ontem que vai intimar Bellot a prestar depoimento no início da próxima semana, tomando como base um relatório preliminar enviado pela Petrobras à delegacia. No documento, a estatal informa que 175 pessoas estavam a bordo da P-36 e que 151 foram retiradas de lá.

"Se dez pessoas morreram e uma está hospitalizada, o relatório não informa o destino de 13 pessoas", disse o delegado, que no entanto acredita que houve erro no documento e que não procedem suspeitas de que haveria mais mortos. "Não há outros mortos além dos dez companheiros que já noticiamos", diz Bellot.

A Petrobras está usando robôs guiados remotamente por navios para obter imagens da P-36 e dos seis dutos de petróleo que a abasteciam no fundo do mar, a cerca de 1.350 metros de profundidade.

As primeiras informações da empresa indicam que não houve rompimento dos dutos ou das válvulas que fecham os poços submarinos. Hoje, a empresa deverá ter a posição exata da plataforma no fundo do mar.

Segundo Bellot, não há condições para que os robôs possam ser usados dentro da estrutura da P-36, rejeitando a possibilidade de recuperar os nove corpos não resgatados da plataforma. "Isso é virtualmente impossível", disse.

Saída dos operários
O supervisor da P-36 Luiz Mário Linhares de Azevedo afirmou que a retirada dos trabalhadores da plataforma após as explosões se deu "da forma mais tranquila possível", em "fila indiana". Os trabalhadores foram deslocados em cestas por guindastes até os barcos, que os conduziram até a P-47, onde foram recolhidos.

Ele afirmou ainda que descarta a possibilidade de não trabalhar mais "embarcado" em plataformas. Essa vontade é compartilhada pelos seus colegas Sampaio e Sebastião Filho.

Os três disseram que desde o momento que deixaram a plataforma na quinta-feira tinham a convicção de que ela iria afundar. Isso por conta dos danos causados pelas explosões.

Azevedo, último homem a deixar a P-36, contou como foi o resgate do operário Sérgio Barbosa, internado com 98% do corpo queimado. Disse que ele estava no fosso do elevador situado na coluna e que dizia sentir muita dor.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página