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23/03/2001 - 17h18

Integrantes do Comando Vermelho prometem greve de fome no Rio

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PEDRO DANTAS
da Folha de S.Paulo, no Rio

O CV (Comando Vermelho), mais antiga facção criminosa do Rio, marcou para a próxima quarta-feira uma greve de fome de presos em todas as penitenciárias do Estado do Rio.

A direção do CV reivindica a imediata transferência para o regime semi-aberto dos presos que já cumpriram parte das penas e ainda se encontram no sistema de regime fechado.

A informação sobre a greve de fome foi passada ao presidente do Conselho da Comunidade, Marcelo Freixo, por uma parente de um preso ligado ao CV.

Freixo também recebeu uma carta cujo texto que denunciava maus tratos aos presos que estariam sendo praticados por agentes penitenciários.

O Conselho da Comunidade reúne ONGs (organizações não-governamentais) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. A tarefa do conselho é acompanhar, na Secretaria Estadual de Justiça, a situação carcerária no Estado.

"Fiquei chocado com a carta. Entreguei o documento e relatei a iniciativa da greve de fome ao secretário de Justiça (João Luiz Duboc Pinaud) e ao diretor do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário).

Eles me informaram que estavam cientes da situação e já tinham tudo sobre controle", disse Freixo.

De acordo com o presidente do conselho, os parentes informaram que a greve começou a ser organizada há dois meses, por causa da insatisfação dos presos com a demora na progressão do regime.

A situação teria se agravado em função da superlotação das casas de custódia criadas pelo governo estadual para alojar os presos das delegacias distritais.

A carta relata espancamentos, humilhações e afirma que os agentes penitenciários "chegavam a urinar nos rostos dos presos do presídio Vicente Piragibe".

"Os guardas estão nos ameaçando, falando que no Vicente Piragibe (presídio de regime fechado onde se encontram presos de regime semi-aberto) o sistema é diferente. Os guardas são malucos. Se tiverem que matar, eles matam e depois falam que foi tentativa de fuga", diz um dos trechos da carta.

O diretor do Desipe, Manoel Pedro da Silva, disse que no sistema penitenciário não existe liderança além da dele e da do secretário de Justiça.

"Não existe essa história de Comando Vermelho comandar qualquer coisa. Nós somos a ordem", disse.

O secretário de Segurança Pública, Josias Quintal, afirmou que não aceitará "o ultimato de uma facção criminosa".

"O Rio não é São Paulo. São Paulo não é o Rio. Estamos atentos e não vamos tolerar nenhuma alteração no sistema carcerário. É melhor que eles não promovam nenhum tipo de movimento violento", declarou Quintal.

(Colaborou Ana Wambier, da Sucursal do Rio)
 

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