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04/04/2001
-
21h06
da Agência Folha, em Maceió
O estudo do IBGE que sintetiza indicadores sociais e econômicos divulgado hoje mostra que, apesar da força política do Nordeste, a região não consegue reduzir as distâncias sociais que a separam do resto do Brasil.
Mesmo tendo uma bancada significativa no Congresso, incluindo o presidente nacional do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho, pouco se fez pela região Nordeste.
Melhoraram os índices de analfabetismo e mortalidade infantil, mas todos estão muito acima da média nacional. A região Nordeste tem a pior concentração de renda do país.
O índice Gini, que mede a concentração de renda, em 1999, foi de 0,567 no Nordeste. A região possui também os dois recordistas negativos em concentração de renda, a Paraíba, com 0,644, e o Piauí, com 0,609.
Enquanto a renda média dos 40% mais pobres da população brasileira (24,3 milhões de pessoas) era de R$ 127, 27 por mês, no Nordeste, os 6,1 milhões de excluídos viviam, em 1999, com R$ 79,28 por mês ou R$ 2,64 por dia.
A renda média dos 10% mais ricos da população do Distrito Federal, que é de R¹ 4.427,86 por mês, é 55,8 vezes a média de renda dos 40% mais pobres da população nordestina.
"O Nordeste nunca foi capaz de produzir uma política regional de resultados", disse o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB). "A infra-estrutura foi deslocada para o Sul e o Sudeste do país, enquanto nós não soubemos buscar políticas compensatórias para reverter o quadro de degradação social." Lessa criticou a "onda" de os governos estaduais da região competirem com os Estados do Sul e do Sudeste, oferecendo incentivos fiscais.
Para o governador, essa atitude aumenta as dificuldades financeiras dos Estados nordestinos e cria um "desenvolvimento ilusório, sem desenvolvimento social".
"Se continuar assim, ninguém vai pagar imposto. Temos de dar incentivo com nossas potencialidades e não às custas de abrir mão da receita tributária."
Para Lessa, o governo federal deveria criar, por exemplo, tarifas regionais, como o preço dos combustíveis e do gás, o que abriria as "portas para o desenvolvimento regional".
O senador Teotônio Vilela Filho afirmou que o governo tem dado prioridade para o Nordeste, mas que os resultados dos programas sociais não são imediatos.
"A região é a menos chuvosa do país e sempre sofreu com isso. No Brasil colonial importamos escravos, no início do século os europeus não vieram para cá devido ao calor, o que deixou a região com uma mão-de-obra pouco especializada."
O governo despejou em 1998 e 1999 quase R$ 2 bilhões no Nordeste em ações emergências (distribuição de cestas básicas, criação de 1 milhão de postos de trabalho em frentes), devido à seca.
A "indústria da seca" é um fenômeno que sempre representou gastos extras e significativos para o governo, mas que nunca foi combatida sistematicamente.
(ARI CIPOLA)
Força política não garante ajuda ao Nordeste, mostra estudo do IBGE
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O estudo do IBGE que sintetiza indicadores sociais e econômicos divulgado hoje mostra que, apesar da força política do Nordeste, a região não consegue reduzir as distâncias sociais que a separam do resto do Brasil.
Mesmo tendo uma bancada significativa no Congresso, incluindo o presidente nacional do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho, pouco se fez pela região Nordeste.
Melhoraram os índices de analfabetismo e mortalidade infantil, mas todos estão muito acima da média nacional. A região Nordeste tem a pior concentração de renda do país.
O índice Gini, que mede a concentração de renda, em 1999, foi de 0,567 no Nordeste. A região possui também os dois recordistas negativos em concentração de renda, a Paraíba, com 0,644, e o Piauí, com 0,609.
Enquanto a renda média dos 40% mais pobres da população brasileira (24,3 milhões de pessoas) era de R$ 127, 27 por mês, no Nordeste, os 6,1 milhões de excluídos viviam, em 1999, com R$ 79,28 por mês ou R$ 2,64 por dia.
A renda média dos 10% mais ricos da população do Distrito Federal, que é de R¹ 4.427,86 por mês, é 55,8 vezes a média de renda dos 40% mais pobres da população nordestina.
"O Nordeste nunca foi capaz de produzir uma política regional de resultados", disse o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB). "A infra-estrutura foi deslocada para o Sul e o Sudeste do país, enquanto nós não soubemos buscar políticas compensatórias para reverter o quadro de degradação social." Lessa criticou a "onda" de os governos estaduais da região competirem com os Estados do Sul e do Sudeste, oferecendo incentivos fiscais.
Para o governador, essa atitude aumenta as dificuldades financeiras dos Estados nordestinos e cria um "desenvolvimento ilusório, sem desenvolvimento social".
"Se continuar assim, ninguém vai pagar imposto. Temos de dar incentivo com nossas potencialidades e não às custas de abrir mão da receita tributária."
Para Lessa, o governo federal deveria criar, por exemplo, tarifas regionais, como o preço dos combustíveis e do gás, o que abriria as "portas para o desenvolvimento regional".
O senador Teotônio Vilela Filho afirmou que o governo tem dado prioridade para o Nordeste, mas que os resultados dos programas sociais não são imediatos.
"A região é a menos chuvosa do país e sempre sofreu com isso. No Brasil colonial importamos escravos, no início do século os europeus não vieram para cá devido ao calor, o que deixou a região com uma mão-de-obra pouco especializada."
O governo despejou em 1998 e 1999 quase R$ 2 bilhões no Nordeste em ações emergências (distribuição de cestas básicas, criação de 1 milhão de postos de trabalho em frentes), devido à seca.
A "indústria da seca" é um fenômeno que sempre representou gastos extras e significativos para o governo, mas que nunca foi combatida sistematicamente.
(ARI CIPOLA)
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