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12/04/2001 - 19h43

"Pensei que não sairia ninguém vivo", diz operador da P-7

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da Folha de S.Paulo, em Macaé

Embarcado havia nove dias na P-7, o operador Luiz Góis, 33, imaginou que todos na plataforma morreriam quando houve o vazamento de óleo e de gás.
"Pensei que não sairia ninguém vivo dali", disse hoje às 16h30, no aeroporto de Macaé, onde desembarcou de um helicóptero vindo da plataforma de Pampo.

Góis contou ter presenciado o momento em que uma quantidade que não soube precisar de óleo e gás começou a vazar. Ele era um dos dez petroleiros que trabalhavam na injeção de nitrogênio no poço, operação que, no jargão dos petroleiros, visa "estimular" a captação de óleo. Um trabalho considerado de risco pelo operador.

"Foi um barulho forte, que me assustou bastante. Como se fosse uma panela de pressão, mas muito mais forte. Tremeu tudo. A plataforma toda", disse Góis, empregado de uma empresa que presta serviços à Petrobras e que há oito anos trabalha em plataformas.

Na hora em que ocorreu o vazamento, 90% dos tripulantes da P-7 estavam dormindo, afirmou o operador. "Ficou todo mundo muito assustado, mas ninguém se machucou. Também não houve fogo", afirmou ele.

Assim que começou o vazamento, Góis e os companheiros trataram de correr para o ponto de encontro marcado para a retirada da tripulação em situações de emergência. Ele foi levado para a plataforma de Pampo, em uma viagem de barco que levou 20 minutos.

Góis notou que havia muito medo por parte de todos. "É claro que pensei no desastre da P-36 [quando morreram 11 petroleiros no mês passado]. Pensei em tudo que se pode imaginar. Só queria estar em terra."

O petroleiro deixou na P-7 todos os seus pertences. "Só apanhei o capacete", afirmou ele no aeroporto, ainda vestido com o macacão sujo de óleo, doze horas depois do vazamento.

Para Góis, será difícil voltar à plataforma acidentada. Ele disse achar que vai receber ordens para voltar, mas que, se depender dele, trabalhará em outra plataforma. "Nessa eu não quero mais voltar", disse. Ele diz não saber se a falha que originou o vazamento foi humana ou de equipamentos.
 

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