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24/04/2001
-
03h48
da Folha de S.Paulo, no Rio
A polícia colombiana avalia que a prisão de Elizete Silva Lira, em 22 de março, marcou o início da desarticulação do esquema que possibilitou ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, operar durante um ano trocando armas por drogas naquele país.
A agenda detalhava em códigos como Beira-Mar, que tinha uma identidade colombiana em nome de Carlos Julio Segura Alcantara, operava o tráfico dentro da selva colombiana.
A polícia chegou a contratar um criptógrafo para desvendar os escritos do traficante.
Com a identidade falsa, Beira-Mar comprou uma fazenda no Departamento (Estado) de Guaviare, cinco propriedades em Bogotá e um automóvel em uma agência de veículos ao norte da capital colombiana.
Sete celulares
De acordo com informações dadas pela polícia colombiana, Beira-Mar usava sete celulares via satélite para se comunicar com cúmplices no Brasil, no Paraguai e na Colômbia.
A agenda encontrada com Elizete continha recibos das compras de sete celulares, na loja Imarsat, no Paraguai.
A polícia colombiana acredita que a agenda também seja uma prova do envolvimento de Beira-Mar com o comandante da Frente 16 das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Tomas Medina Caracas, conhecido como Negro Acacio.
Medina ingressou nas Farc em 1988 e hoje é considerado pelo Exército a "caixa-registradora" da guerrilha.
Ele opera desde o ano de 1990 nos Departamentos de Vichada e Guaviare. Medina teria sido repreendido pela direção da Farc pelo seu apego por carros importados e bebidas.
Proteção
Anotações da agenda encontrada com Elizete indicam que o acordo de proteção entre Beira-Mar e Negro Acacio incluía a entrega a cada três meses de 60 garrafas de whisky Chivas Regal, safra 1921, e outras 60 garrafas de Johnny Walker selo azul.
De acordo com a polícia da Colômbia, Negro Acacio designou o guerrilheiro Luis García, o Franklin Cabezón, preso dia 18 em Bogotá, para negociar diretamente com Beira-Mar.
A prisão de Cabezón resultou do rastreamento, pela polícia, das ligações telefônicas de Elizete.
No dia 11 de fevereiro, a operação Gato Negro, lançada para prender Negro Acacio, apreendeu com um guerrilheiro preso comprovantes de entrega de 560 fuzis AK-47 e 2.252 pistolas, após um tiroteio em que Beira-Mar teria sido ferido. As armas seriam contrabandeadas do Paraguai.
De acordo com a Polícia Federal, Beira-Mar se associou ao empresário paraense Leonardo Dias Mendonça para contrabandear cocaína para Estados Unidos e Europa, via Suriname.
A entrada da droga nas regiões sul e Sudeste do Brasil era providenciada por Ney Machado, o Ney Pitoco. Atualmente ele está detido em uma prisão na Colômbia e deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias.
O abastecimento das bocas-de-fumo do Rio continuou a ser operado por Alexsandro Cardoso dos Santos, conhecido como Tarcísio ou Chiquinho Meleca, um dos últimos foragidos da quadrilha original de Beira-Mar.
Agenda auxiliou prisão de Beira-Mar
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A polícia colombiana avalia que a prisão de Elizete Silva Lira, em 22 de março, marcou o início da desarticulação do esquema que possibilitou ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, operar durante um ano trocando armas por drogas naquele país.
A agenda detalhava em códigos como Beira-Mar, que tinha uma identidade colombiana em nome de Carlos Julio Segura Alcantara, operava o tráfico dentro da selva colombiana.
A polícia chegou a contratar um criptógrafo para desvendar os escritos do traficante.
Com a identidade falsa, Beira-Mar comprou uma fazenda no Departamento (Estado) de Guaviare, cinco propriedades em Bogotá e um automóvel em uma agência de veículos ao norte da capital colombiana.
Sete celulares
De acordo com informações dadas pela polícia colombiana, Beira-Mar usava sete celulares via satélite para se comunicar com cúmplices no Brasil, no Paraguai e na Colômbia.
A agenda encontrada com Elizete continha recibos das compras de sete celulares, na loja Imarsat, no Paraguai.
A polícia colombiana acredita que a agenda também seja uma prova do envolvimento de Beira-Mar com o comandante da Frente 16 das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Tomas Medina Caracas, conhecido como Negro Acacio.
Medina ingressou nas Farc em 1988 e hoje é considerado pelo Exército a "caixa-registradora" da guerrilha.
Ele opera desde o ano de 1990 nos Departamentos de Vichada e Guaviare. Medina teria sido repreendido pela direção da Farc pelo seu apego por carros importados e bebidas.
Proteção
Anotações da agenda encontrada com Elizete indicam que o acordo de proteção entre Beira-Mar e Negro Acacio incluía a entrega a cada três meses de 60 garrafas de whisky Chivas Regal, safra 1921, e outras 60 garrafas de Johnny Walker selo azul.
De acordo com a polícia da Colômbia, Negro Acacio designou o guerrilheiro Luis García, o Franklin Cabezón, preso dia 18 em Bogotá, para negociar diretamente com Beira-Mar.
A prisão de Cabezón resultou do rastreamento, pela polícia, das ligações telefônicas de Elizete.
No dia 11 de fevereiro, a operação Gato Negro, lançada para prender Negro Acacio, apreendeu com um guerrilheiro preso comprovantes de entrega de 560 fuzis AK-47 e 2.252 pistolas, após um tiroteio em que Beira-Mar teria sido ferido. As armas seriam contrabandeadas do Paraguai.
De acordo com a Polícia Federal, Beira-Mar se associou ao empresário paraense Leonardo Dias Mendonça para contrabandear cocaína para Estados Unidos e Europa, via Suriname.
A entrada da droga nas regiões sul e Sudeste do Brasil era providenciada por Ney Machado, o Ney Pitoco. Atualmente ele está detido em uma prisão na Colômbia e deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias.
O abastecimento das bocas-de-fumo do Rio continuou a ser operado por Alexsandro Cardoso dos Santos, conhecido como Tarcísio ou Chiquinho Meleca, um dos últimos foragidos da quadrilha original de Beira-Mar.
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