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06/07/2001
-
16h53
MILENA BUOSI
da Folha Online
O ex-soldado da Polícia Militar Edvaldo Rubens de Assis será julgado na próxima terça-feira (10) no Fórum da Praia Grande, litoral sul de São Paulo. Assis é acusado, junto com outros três ex-PMs de assassinar três jovens na Baixada Santista, na Quarta-Feira de Cinzas de 1999.
O ex-PM será julgado por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e abuso de autoridade. Os outros três policiais serão julgados em dias distintos ainda este mês.
Paulo Roberto da Silva, 21, Anderson Pereira dos Santos, 14, e Thiago Passos Ferreira, 17, foram abordados pelos policiais na saída do baile de Carnaval do Ilha Porchat Clube, em São Vicente.
Testemunhas disseram que os jovens foram colocados na parte de trás do veículo Blazer da Cavalaria da PM e desapareceram. Os corpos foram encontrados em um mangue na Praia Grande em 4 de março por uma equipe do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Pouco mais de dois meses depois de terem sido presos, os PMs admitiram participação no caso. Segundo a versão dos acusados, na madrugada da quarta-feira de cinzas um garoto correu até o carro da polícia e avisou que teria sido roubado e espancado por outros jovens.
Ao chegar no local, o ex-soldados Marcelo de Oliveira Cristov, Rubens e Humberto da Conceição, e o ex-tenente Alessandro de Oliveira Rodrigues disseram ter encontrado os jovens, e Paulo Roberto estaria com um cigarro de maconha. No entanto, segundo a promotoria, representada pelo promotor Walfredo Cunha Campos, a droga estaria com um amigo das vítimas, que conseguiu escapar.
Os ex-PMs alegam que os jovens foram levá-los até o traficante e, ao chegar perto da "boca de fumo", o ex-tenente e Cristov voltaram ao quartel para pegar o carro do tenente e a moto de Humberto, além de roupas civis. O objetivo era invadir o local disfarçados. Segundo a promotoria, não havia nenhum ponto de distribuição de droga na região.
Ainda segundo a versão dos acusados, quando o ex-tenente e Cristov chegaram ao local foram avisados por Rubens de que "havia acontecido um acidente". Segundo eles, Rubens caiu e sua arma disparou, atingindo a nuca de Paulo Roberto. Em seguida, os outros dois jovens atacaram Rubens, que atirou.
A promotoria afirma que os tiros foram dados com o objetivo de matar os jovens. Paulo Roberto foi atingido na nuca e os outros dois receberam tiros na cabeça.
Em agosto do ano passado o ex-tenente Alessandro foi exonerado por decreto assinado pelo então governador Mário Covas. Os outros três ex-PMs já haviam sido expulsos da corporação por decisão da Corregedoria da Polícia Militar.
Exumação
Segundo o promotor Walfredo Cunha Campos, no final do ano passado Rubens registrou em cartório um outro depoimento afirmando que sua arma havia disparado atingindo a mão de Anderson e que o ex-tenente não estaria no local do assassinato, mas que teria dado a ordem para o ex-soldado Humberto de que os jovens deveriam ser assassinados.
"Ele ainda pediu exumação do corpo, o que foi negado pela Justiça", disse o promotor. "Ele mudou o depoimento, pagou uma taxa no cartório e juntou a declaração ao processo. Mas ele já havia sido ouvido diversas vezes antes e contou a primeira versão."
De acordo com Campos serão ouvidas oito testemunhas de acusação: a delegada Elisabete Sato do DHPP, cinco pessoas que presenciaram a abordagem dos ex-PMs e as mães de duas vítimas. Por parte da defesa, deverão ser ouvidas quatro testemunhas.
O depoimento de Humberto está marcado para o próximo dia 17; o de Cristov, para o dia 24; e o de Alessandro, para o dia 31. Os policiais estão presos no Presídio Militar Romão Gomes.
Leia especial sobre grandes crimes
Ex-PM vai a julgamento por assassinato de jovens em São Vicente
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da Folha Online
O ex-soldado da Polícia Militar Edvaldo Rubens de Assis será julgado na próxima terça-feira (10) no Fórum da Praia Grande, litoral sul de São Paulo. Assis é acusado, junto com outros três ex-PMs de assassinar três jovens na Baixada Santista, na Quarta-Feira de Cinzas de 1999.
O ex-PM será julgado por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e abuso de autoridade. Os outros três policiais serão julgados em dias distintos ainda este mês.
Paulo Roberto da Silva, 21, Anderson Pereira dos Santos, 14, e Thiago Passos Ferreira, 17, foram abordados pelos policiais na saída do baile de Carnaval do Ilha Porchat Clube, em São Vicente.
Testemunhas disseram que os jovens foram colocados na parte de trás do veículo Blazer da Cavalaria da PM e desapareceram. Os corpos foram encontrados em um mangue na Praia Grande em 4 de março por uma equipe do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Pouco mais de dois meses depois de terem sido presos, os PMs admitiram participação no caso. Segundo a versão dos acusados, na madrugada da quarta-feira de cinzas um garoto correu até o carro da polícia e avisou que teria sido roubado e espancado por outros jovens.
Ao chegar no local, o ex-soldados Marcelo de Oliveira Cristov, Rubens e Humberto da Conceição, e o ex-tenente Alessandro de Oliveira Rodrigues disseram ter encontrado os jovens, e Paulo Roberto estaria com um cigarro de maconha. No entanto, segundo a promotoria, representada pelo promotor Walfredo Cunha Campos, a droga estaria com um amigo das vítimas, que conseguiu escapar.
Os ex-PMs alegam que os jovens foram levá-los até o traficante e, ao chegar perto da "boca de fumo", o ex-tenente e Cristov voltaram ao quartel para pegar o carro do tenente e a moto de Humberto, além de roupas civis. O objetivo era invadir o local disfarçados. Segundo a promotoria, não havia nenhum ponto de distribuição de droga na região.
Ainda segundo a versão dos acusados, quando o ex-tenente e Cristov chegaram ao local foram avisados por Rubens de que "havia acontecido um acidente". Segundo eles, Rubens caiu e sua arma disparou, atingindo a nuca de Paulo Roberto. Em seguida, os outros dois jovens atacaram Rubens, que atirou.
A promotoria afirma que os tiros foram dados com o objetivo de matar os jovens. Paulo Roberto foi atingido na nuca e os outros dois receberam tiros na cabeça.
Em agosto do ano passado o ex-tenente Alessandro foi exonerado por decreto assinado pelo então governador Mário Covas. Os outros três ex-PMs já haviam sido expulsos da corporação por decisão da Corregedoria da Polícia Militar.
Exumação
Segundo o promotor Walfredo Cunha Campos, no final do ano passado Rubens registrou em cartório um outro depoimento afirmando que sua arma havia disparado atingindo a mão de Anderson e que o ex-tenente não estaria no local do assassinato, mas que teria dado a ordem para o ex-soldado Humberto de que os jovens deveriam ser assassinados.
"Ele ainda pediu exumação do corpo, o que foi negado pela Justiça", disse o promotor. "Ele mudou o depoimento, pagou uma taxa no cartório e juntou a declaração ao processo. Mas ele já havia sido ouvido diversas vezes antes e contou a primeira versão."
De acordo com Campos serão ouvidas oito testemunhas de acusação: a delegada Elisabete Sato do DHPP, cinco pessoas que presenciaram a abordagem dos ex-PMs e as mães de duas vítimas. Por parte da defesa, deverão ser ouvidas quatro testemunhas.
O depoimento de Humberto está marcado para o próximo dia 17; o de Cristov, para o dia 24; e o de Alessandro, para o dia 31. Os policiais estão presos no Presídio Militar Romão Gomes.
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