06/07/2001 - 17h20

Policiais adiam greve e marcam protesto para desfile no feriado

GUTO GONÇALVES
da Folha Online

Policiais civis e militares decidiram adiar para terça-feira as discussões sobre a deflagração de uma greve contra o aumento divulgado nesta sexta-feira pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Entidades das categorias prometem realizar ato de protesto contra a proposta durante os festejos do feriado de 9 de julho, na segunda-feira.

"Vamos levar faixas e cartazes na cerimônia do desfile em homenagem a Revolução de 32. Será uma manifestação pacífica, mas queremos alertar a população sobre a situação das polícias no Estado", disse João Batista Rebouças, presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia.

Estavam presentes na assembléia realizada na sede da Associação de Oficiais da Reserva da PM cerca de 60 policiais. Segundo Rebouças, representantes de 14 entidades de policiais militares e 25 de policiais civis. "Na terça devemos iniciar o movimento de paralisação, o governador Geraldo Alckmin tratou a categoria como um moleque", disse.

O governador concedeu às polícias reajustes diferenciados de outras categorias do funcionalismo estadual. Os valores variam de 6% a 10%.

Pela proposta do governo, os operacionais da polícia receberão aumento de 10% sobre o salário-base. No nível médio, o reajuste será de 8%; e no nível superior, acima de major, de 6%. Na Polícia Civil, o menor salário para o quadro operacional passa a ser de R$ 1.000 em cidades com menos de 50 mil habitantes; de R$ 1.050 para cidades entre 50 mil e 200 mil habitantes; de R$ 1.100 para aquelas entre 200 mil e 500 mil habitantes; e de R$ 1.150 para municípios com população superior a 500 mil habitantes.

Para delegados, peritos criminais e médicos do IML e para oficiais PM, o recebimento mínimo foi fixado em R$ 2.500.

As polícias civis e militares, pela primeira vez na história, realizam uma reivindicação salarial unificada. As categorias querem um reajuste de 41%.

Geraldo Alckmin participa nesta segunda-feira, a partir das 10 horas, das comemorações da Revolução de 1932, que serão realizadas diante do Mausoléu ao Soldado Constitucionalista, no Ibirapuera, desde as 8 horas.

Durante a solenidade, haverá um desfile cívico-militar com os ex-combatentes de 32.

O coronel da reserva Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos de prisão em razão do comando, em 92, da invasão do Carandiru _quando morreram 111 presos_, deve participar do desfile.