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23/07/2001 - 09h08

Mulheres tomam a "linha de frente" em movimento dos maridos policiais

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JAIRO MARQUES
EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha

Proibidos de fazer greve pelo Código Penal Militar e pela Constituição Federal, policiais militares de vários Estados estão contando com a ajuda de suas mulheres para reivindicar melhores salários. Pelo menos oito associações estão estruturadas, assumindo a "linha de frente" nos conflitos com os governos estaduais.

A paralisação dos PMs no Tocantins -que durou 12 dias, em maio passado- revelou a força da participação das mulheres.

Elas ocuparam, com seus filhos, o principal quartel da PM e serviram como uma espécie de escudo para os maridos. As tropas do Exército, que tomaram as ruas de Palmas, ameaçaram, mas não tiveram como invadir o local.

Na Bahia, apesar de ainda não terem instalado uma associação, as mulheres e algumas mães dos PMs participaram ativamente das reivindicações durante a greve que acabou na semana passada.

A história dos movimentos das mulheres dos PMs começou em 1986, em São Paulo. Devido à suposta repressão do comando da corporação, a primeira entidade durou apenas quatro anos.

Outro movimento foi criado em Santos, no início da década de 90, mas também teve pouca duração. À época, assim como hoje, as entidades criadas pelas mulheres foram encaradas como "rebeldes".

Atualmente, as mulheres de PMs estão oficialmente organizadas nos seguintes Estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Paraná, Pará, Sergipe, Tocantins e Rio Grande do Sul.

"Os nossos objetivos, além de lutar por melhores salários e condições de trabalho para os nossos maridos, são a valorização da família e o amparo social às pessoas que perderam parentes em serviço", afirma Maristela Vianna, mãe de três filhos, e presidente da Amma (Associação das Mães, Mulheres e Amigos dos Policiais Militares da Paraíba).

No Rio Grande do Norte, onde a PM tem feito assembléias constantes para debater piso salarial, as lideranças femininas participam ativamente das reuniões da Associação Estadual de Cabos e Soldados e planejam ações. "Encorajamos as mulheres a lutarem pelos direitos dos maridos", diz Geovana Marques Pereira, presidente da associação potiguar.

As mulheres dos policiais no Paraná são as que têm mostrado maior poder de mobilização no país. Organizadas em várias cidades, elas já conseguiram, por meio de piquetes e protestos, abrir canais de negociação com o governador Jaime Lerner (PFL).

Por duas vezes neste ano, as paranaenses bloquearam as saídas de quartéis, tumultuando o trabalho administrativo e a organização do policiamento de rua.

O medo de retaliações aos maridos, como punições e transferências, ainda emperra uma participação mais efetiva das mulheres. "Aqui as mulheres têm muito medo de participar, e nossa ação, por enquanto, é só na parte social", diz Maria Carolina da Silva, presidente da associação do Pará, que tem cerca de 70 integrantes ativas.

Em Mato Grosso, mulheres de policiais, neste ano, já bloquearam a circulação de carros em quartéis de quatro cidades e lavaram e estenderam na entrada do quartel de Rondonópolis as fardas dos maridos.

"O comando da PM sempre vai negar, mas sabe-se que houve muita intimidação contra os policiais que tinham suas mulheres na liderança dos movimentos. Eles eram transferidos", diz o deputado estadual cabo Wilson Morais (PSDB-SP), que, além da entidade paulista, preside a Associação Nacional de Cabos e Soldados.

A prioridade da Associação das Mulheres dos Praças do Rio Grande do Sul é melhorar as condições de moradia das famílias. Neste ano, a associação ajudou 55 famílias de policiais a invadirem um prédio público abandonado.


 

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