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24/07/2001 - 04h29

PMs treinam mulheres para protestos

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GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo

Mulheres de policiais militares de São Paulo serão treinadas para agir em protestos, invasões de quartéis e até em uma possível greve da categoria.

O treinamento inédito no país será feito pelas próprias entidades de PMs, em um curso que será iniciado na semana que vem.

No "Curso de Cidadania Participativa", com duração de 30 horas, mulheres, filhas e viúvas de PMs vão receber noções de psicologia social, história da polícia e estatuto da corporação.

Mas um dos principais temas do currículo será o item "Operações Urbanas". Nele, as mulheres de PMs vão receber informações desde como agir em situações de risco e de pânico até noções de primeiros socorros.

"Vamos preparar as mulheres a participar com organização de movimentos reivindicatórios", afirmou o coronel Hermes Cruz, vice-presidente da Associação de Oficiais da Reserva da PM.

As aulas do curso serão dadas por psicólogos, advogados e policiais da reserva da PM especialistas em conflitos de rua.

"Ninguém quer a greve. Mas, se o governo não negociar, vamos ser obrigadas a invadir os quartéis e precisamos estar preparadas", afirmou Ana Veiga Jolo, 59, mulher de um PM da reserva, que vai coordenar o curso.

Ana disse que as mulheres de PMs também vão receber informações sobre quais declarações poderão ser feitas e em quais situações com o objetivo de evitar possíveis represálias do governo.

Segundo Ana, muitas mulheres de PMs não participam da mobilização porque temem que seus maridos sejam punidos. "Com esse curso, vamos saber todos os nossos direitos e perder todos os nossos medos", afirmou.

Cada turma do curso terá 30 mulheres. "Já temos 15 inscritas e vamos fechar a primeira turma até a semana que vem, no máximo", disse Ana. A intenção é iniciar o curso na capital e depois no interior do Estado.

O cabo José Luiz de Lira, vice-presidente da Associação Nacional de Cabos e Soldados, disse não temer represálias. "As mulheres dos PMs têm o direito de se manifestar", afirmou Lira.

A PM não pode punir as mulheres, mas pode responsabilizar o policial que incitar a participação de sua esposa. Lira chegou a ser intimado, em maio, a depor na Corregedoria da PM depois de dar uma declaração à
imprensa na qual falava que não poderia impedir que as mulheres
participassem das manifestações.
 

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