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24/07/2001 - 19h03

Liminar obriga retirada de manifestantes de quartel, no Paraná

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da Agência Folha

A PM do Paraná, utilizando 350 homens, retirou no início da noite desta terça-feira, à força, cerca de 40 mulheres e policiais militares encapuzados que bloqueavam os portões de entrada do quartel do Comando Geral, em Curitiba.

A operação resultou na prisão de quatro PMs e de quatro mulheres, duas delas adolescentes, de acordo Izabel Schutz Neves, da coordenação do movimento das mulheres de policiais.

Na desocupação foram utilizados homens da tropa de choque, recrutas e policiais femininas. Numa clima de comoção, houve choro de policiais femininas no momento de retirar as manifestantes. Uma mulher desmaiou e teve de ser levada ao hospital. Houve uso de bombas de gás lacrimogêneo contra as mulheres durante a operação.

O governo do Paraná determinou o desbloqueio do quartel depois de o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública, Orestes Delay, ter revigorado ordem judicial de 18 de maio, que previa a desocupação dos portões pelos manifestantes. O mandado de 18 de maio autorizava o uso de força para a remoção.


Pressão
O governador Jaime Lerner advertiu a cúpula da PM do Paraná de que pode haver troca de comando se não houver desobstrução dos quartéis até amanhã. A ameaça foi confirmada pelo secretário da Segurança, José Tavares. "Ou a PM cumpre a determinação do governador, ou muda o comando."

Lerner foi convocado e viaja na quinta-feira para Brasília para a reunião do presidente Fernando Henrique com os governadores de Estados onde as PMs estão mobilizadas.

As mulheres de PMs instaladas em frente ao quartel do Comando Geral receberam hoje o reforço de cerca de 30 soldados encapuzados. Mas não conseguiram a mobilização que esperavam. Os reforços do interior não chegaram. O grupo de manifestantes não passou de cem. Elas desistiram de realizar uma passeata pelo centro da cidade, até o Palácio Iguaçu, sede do governo.

Para cumprir a ordem do governador, o comando da PM entrou à tarde na Justiça com pedidos de habeas corpus para garantir livre acesso aos quartéis.

O chefe da comunicação social da PM, tenente-coronel Neuri Pires de Oliveira, disse que os policiais encapuzados serão identificados e punidos. "Quem usa essa coisa de capuz é bandido", disse o secretário Tavares.

O soldado Marco Antonio Marton, 33, fardado, aderiu à manifestação. Ele se deslocou de Londrina e disse não se importar com possíveis punições. "A polícia é retrograda, não evoluiu, nem se democratizou. Um praça continua sendo visto pelas instituições militares como um ser autômato, que não pode pensar."

Marton disse estar afastado há 20 dias do serviço, em tratamento por depressão. Com cinco anos de corporação, seu salário líquido fica em torno de R$ 500. "O governo diz que a média salarial do Paraná é de R$ 1.050."


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