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01/09/2001 - 03h10

Passeio em shopping é registrado em vídeo

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JOÃO CARLOS SILVA
da Folha de S. Paulo

Horas antes de trocar tiros e matar dois policiais civis e ferir outro em um flat de Alphaville na última quarta-feira, Fernando Dutra Pinto, 22, passeou tranquilamente por pelo menos duas horas e 15 minutos em um shopping do condomínio, na Grande São Paulo.

Se não fosse pelos óculos escuros grandes que usou o tempo todo e pelo blusão que vestia -, estranho para um dia quente-, ele nem teria sido notado pelos funcionários, seguranças e frequentadores do shopping.

De tão tranquilo que estava, Fernando chegou até a pedir auxílio a um dos seis seguranças que rondavam a área de 6.000 m2 do Shopping Center Alphaville.

O sequestrador da filha de Silvio Santos e homem que manteve também o apresentador refém por sete horas, tentava fazer um saque em um caixa eletrônico, no corredor do shopping.

Como não conseguia retirar o dinheiro e percebeu um dos seguranças rondando o caixa, puxou conversa. "Tenho dinheiro, mas estou tentando sacar mais", teria dito ao funcionário da segurança.

Os dois conversaram por cerca de dois minutos. Essa e outras cenas foram registradas pelo sistema de monitoramento por vídeo do shopping.

O segurança carregava apenas um cassetete. O sequestrador provavelmente estava armado, o que justificaria o uso do blusão escuro, largo para o seu tipo físico.

Cerveja
Gravação registrada pelas 26 câmeras do shopping, indica que Fernando teria chegado ao centro de compras por volta das 11h45.

Nas primeiras cenas, ele aparece sentado, de costas, em uma lanchonete, onde ficou a maior parte do tempo. Primeiro, ele tomou dois chopes.

Quando pediu a conta, deu R$ 10 para o funcionário cobrar R$ 3,20 e deu R$ 1 de gorjeta. Depois, ainda tomou duas cervejas grandes. Deu mais R$ 10 para acertar a conta de R$ 4 e não quis o troco.

Enquanto esteve na lanchonete, ficou no balcão, em frente a uma TV ligada. Ao ver o noticiário sobre o sequestro de Patrícia Abravanel e sobre a busca pelo mentor do crime, Fernando pediu ao funcionário para trocar de canal.

Calmamente, ele argumentou que já não aguentava ouvir as notícias sobre o caso.

Na lanchonete, ele ainda puxou conversa com um dos clientes. "Ele se apresentou como ex-jogador de futebol", disse a atendente Cristiane Aparecida Santos, 24, sobre a conversa.

Do sequestrador, que ainda estava com os cabelos escuros, a funcionária só estranhou os óculos grandes que ele usava. "Ele era bonito", disse Cristiane.

Provador
Das 116 lojas do shopping, Fernando entrou em pelo menos uma. Ele olhou a vitrine, entrou e pediu a uma das vendedoras para experimentar um casaco branco de nylon. Não chegou nem a perguntar o preço (R$ 199), segundo as funcionárias da loja.

Fernando entrou e saiu do provador com os óculos escuros, o que também chamou a atenção das funcionárias, pois o dia estava quente, mas nublado.

As vendedoras descreveram ontem Fernando como uma pessoa com jeito de "malandro". Mas, a maneira de se portar e de falar não levantou suspeita das funcionárias ou dos dois seguranças que passaram em frente à loja enquanto ele esteve lá.

Apesar de ter quase R$ 500 mil em um quarto a cerca de 500 metros do shopping, ele deixou a loja sem levar nada.

Da loja, ele apareceu em um corredor, próximo a uma das saídas do shopping. É a última gravação em que ele aparece, às 13h59. As câmeras não chegaram a registrar o momento exato da saída. Dali, Fernando ressurgiu em um outro shopping, em São Paulo, o West Plaza.

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