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01/09/2001 - 03h19

Investigador diz que se "atrapalhou" no flat

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SÉRGIO DURAN
da Folha de S. Paulo

O investigador Reginaldo Garuta Nardis afirmou ontem que ele e seus dois colegas de trabalho se atrapalharam ao tentar imobilizar o sequestrador Fernando Dutra Pinto, na tarde da quarta-feira, no décimo andar do flat L'Etoile Residence, em Barueri (Grande SP).

Nardis depôs ao delegado Eduardo Ielo, em sua casa, na zona norte de São Paulo. Ielo comanda a sindicância, aberta na Corregedoria da Polícia Civil, que irá apurar porque houve falha na ação dos investigadores.
As informações são sigilosas. O delegado diz que há muitas dúvidas em torno da operação, "muitos porquês ainda sem resposta". Na operação, Fernando matou Tamotsu Tamaki e Marcos Amorim Bezerra e feriu Nardis.
De acordo com ele, todos os policiais envolvidos na ação serão ouvidos, além de funcionários do L'Etoile.

Um dos que prestará depoimento é o segurança identificado só como Edson. Ele era amigo do delegado titular do 91º DP, Armando Dellio. Por essa razão, a equipe deslocada para prender Fernando saiu de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), onde fica o 91º DP, e não de Barueri.

A reportagem procurou Dellio, mas foi informada que o delegado havia se submetido, ontem, a uma cirurgia na garganta. Por isso não pôde trabalhar nem falar.

Fernando Dutra Pinto também será ouvido pelo delegado da Corregedoria. "É uma linha muito tênue que separa a infração criminal do erro funcional puro e simples. Por essa razão, a apuração pede cautela e sigilo", diz Ielo.

Dúvida
A primeira dúvida sobre a ação policial é por que os investigadores tardaram em pedir reforço. De acordo com o depoimento de Reginaldo Garuta Nardis, os três chegaram ao L'Etoile por volta das 11h.

O investigador disse ainda que a delegacia-seccional, a qual está submetido o 91º DP, foi informada da diligência pela manhã.

No entanto, o reforço policial só chegou ao flat por volta das 18h, minutos depois do tiroteio que vitimou os dois investigadores.

O delegado assistente de Barueri, Marcelo José do Prado, disse que foi informado da ocorrência por volta das 17h, pela equipe da Deas (Delegacia Anti-Sequestro). A Folha apurou que o Deas soube da ação policial quase no mesmo horário, por telefone, por uma pessoa que se identificou como dono do L'Etoile.

A reportagem procurou a administração do flat. Em junho, o estabelecimento deixou de pertencer à rede Parthenon. Desde então, a Golden Tulipe cuida do local. O telefone desta administradora é atendido por uma secretária eletrônica, que informa não ter mais espaço para mensagens.

Dinheiro
No momento em que os três investigadores chegaram ao L'Etoile, às 11h, Fernando ainda não havia saído do apartamento 1004. Mesmo assim, os policiais decidiram fazer um reconhecimento rápido da área. Fernando saiu pouco antes do almoço para fazer compras. Os policiais teriam deixado o local, retornando por volta das 13h. Nesse intervalo, uma camareira não identificada entrou no apartamento e viu as armas.

De acordo com o depoimento de Nardis à Corregedoria, assim que eles retornaram, conversaram com funcionários, subiram ao apartamento e constataram que Fernando estava fortemente armado. Outra constatação dos investigadores foi a de que o dinheiro do resgate estava no local.

Essa afirmação entra em contradição com as declarações de Fernando, em conversa informal, anteontem, com o capitão Samuel de Oliveira, no COC (Centro de Observação Criminológica).

O sequestrador disse que foi abordado pelos investigadores que perguntavam onde estava o dinheiro do resgate. Fernando disse ainda que não pensou que os três fossem policiais.

O único ponto de convergência entre os depoimentos diz respeito ao início da ação dos investigadores. Segundo ambos, Fernando e Tamaki subiram juntos no elevador. Ao chegar no décimo andar, os três tentaram imobilizá-lo. Espantosamente, o sequestrador conseguiu se desvencilhar e sacar as armas. Detalhe: Marcos Amorim Bezerra era perito em artes marciais, proprietário de uma academia em Pinheiros.

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