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01/11/2001 - 04h35

Maior empresário de ônibus do Rio de Janeiro dirigiu lotação

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da Folha de S.Paulo

O maior empresário de ônibus do Rio de Janeiro, que hoje se diz vítima da concorrência de peruas e vans, começou a erguer seu império dirigindo uma lotação. Jacob Barata tinha 18 anos quando comprou um Chevrolet de dez lugares para transportar passageiros na capital fluminense.

Aos 69 anos, Barata é dono de mais de 20 viações no país inteiro e briga para que as empresas também possam trabalhar com esse tipo de veículo. "Deveria haver os mesmos direitos. Se há necessidade de Kombi e van, por que não autorizam os empresários também? Por que essa diferença? Por causa dos eleitores? Se eu pudesse, iria brigar com as mesmas armas", afirmou à Folha, na primeira entrevista que ele diz ter dado a um jornal em toda a sua vida.

O empresário acusa a atual gestão municipal de favorecer as lotações por razões políticas (leia texto ao lado). "Nosso secretário dos Transportes (Luiz Paulo Corrêa da Rocha), como é candidato a deputado estadual, está fazendo corpo mole. Se ele oficializou uma parte, pelo menos tinha que fiscalizar e prender as outras. Nem isso ele faz."

Barata diz que a Auto Viação Bangu e a Transportes Zona Oeste "serão apenas as primeiras" viações de seu grupo fechadas por causa da concorrência das peruas e vans. Leia abaixo trechos da entrevista à Folha.
(AI)

Folha - A prefeitura avalia que a crise é um problema de gestão...
Jacob Barata -
Eu fiquei à disposição para eles botarem uma equipe lá dentro, de cinco, dez homens, para tocar a empresa. Por que eles não assumem? Se é gestão, por que não aceitam?

Folha - O sr. tentou vender a empresa para alguém?
Barata -
Eu só vendo à vista. Se eu vender fiado, não vou receber. Eu prefiro parar e vender os ônibus. As linhas são da prefeitura, mas os ônibus são meus, as garagens são minhas.

Folha - O sr. acha que haverá interessados em assumir essas linhas?
Barata -
Eu duvido muito. Mas de vez em quando aparece um maluco. Nem precisa esperar. Quem quiser é só chegar, pagar os carros [ônibus" e ficar com a empresa. Eu não quero nada mais, somente os preços dos carros [ônibus] usados.

Folha - Qual é a opinião do sr. sobre a situação do mercado de ônibus em São Paulo?
Barata -
O mercado estava ruim. Hoje a prefeita [Marta Suplicy" está procurando modificar esse sistema. O empresário já recebe seu dinheiro. E a prefeitura está dando combate às vans ilegais.

Folha - O sr. não pensa em entrar nesse mercado?
Barata -
Eu estou com 69 anos. O que eu tenho já está bom, não pretendo investir mais em ônibus.

Folha - Por que a população critica tanto a qualidade dos ônibus?
Barata -
Em todo lugar não existe serviço 100% perfeito, seja em supermercado, seja em rádio, seja em jornalismo. Mas, se a gente fizer uma análise, eu garanto que 80% aqui é bom. Basta dizer que a frota mais nova do Brasil é do Rio.

Folha - O sr. começou sua carreira como motorista de lotação e hoje é vítima do mesmo modelo...
Barata -
Mas antigamente não havia esse mesmo número de ônibus de hoje. Havia meia dúzia de empresas. Havia uma necessidade pelo transporte de lotação. Agora, eles legalizam Kombi de 25 anos de idade, enquanto um ônibus pode ter só sete anos. Não tem pé nem cabeça.
 

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