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27/01/2002 - 01h22

Governo de SP aumenta gastos com segurança, mas crime não cai

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XICO SÁ e SÍLVIA CORRÊA
da Folha de São Paulo

Com orçamentos anuais acima de R$ 2 bilhões e investimentos recordes que já chegam a R$ 500 milhões desde 1995, o governo tucano da dupla Covas/Alckmin fracassou na sua política de segurança e permitiu que o crime se tornasse uma epidemia, como a violência no Estado é definida na Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).

Covas e Alckmin investiram mais que seus antecessores. Compraram mais equipamentos e colocaram mais homens na rua. Mas não conseguiram barrar o aumento da criminalidade. O atual orçamento da área é 211% superior ao do governo Franco Montoro, encerrado em 1986. Desde então, a ocorrência de alguns crimes cresceu na mesma proporção.

A "fábrica de bandidos", como tratam especialistas ouvidos pela Folha, conseguiu ser mais ágil e multiplicou seu exército recrutando sua "força de trabalho" em uma região metropolitana que já teve índice de desemprego de 19,3% (1999).

Os criminosos contaram também com a ajuda de quem é pago para combatê-los: a polícia. As CPIs federal e estadual que investigaram a violência apontaram uma tropa de pelo menos 1.600 policiais ligados a quadrilhas de narcotraficantes e de roubo de cargas.

O caminho aberto para o crescimento da "fábrica de bandidos" teve ainda a ajuda do desmanche feito pelo governo estadual em programas de assistência social a menores carentes que funcionavam nas administrações anteriores. Pelo menos 2,7 milhões de pessoas eram atendidas em todo o Estado.

A prosperidade do crime abateu o efeito de todos os gastos alardeados pelo Palácio dos Bandeirantes. Somente o sequestro, crime que resultou na morte do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André, cresceu 300% no último ano _contra 30% (média) do aumento do orçamento da segurança pública nas gestões tucanas.

Segundo raciocínio do governo _repetido pelo promotor Marco Vinicio Petrelluzzi, que ocupou o posto de secretário de Segurança Pública até a semana passada_, sem o crescimento dos recursos, a situação estaria muito pior.

"Não adianta prender 100 mil enquanto a fábrica de bandidos prepara o triplo de pessoas para o crime", diz o juiz aposentado Luiz Flávio Gomes, doutor em Direito Penal e diretor-presidente do Centro de Estudos Criminais.

A eficiência em realizar prisões, sempre alardeado como fator positivo pelo governo, é rebatida por Gomes. "A polícia prende principalmente os que cometeram pequenos delitos, os chamados crimes de bagatela", afirma. "Não se atacam os grandes criminosos".
 

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