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27/01/2002 - 04h35

21 políticos foram mortos desde 1998

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FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

Dados fornecidos pelas direções nacionais de partidos e pesquisas em arquivos revelam que, nos últimos quatro anos, pelo menos 54 detentores de cargos eletivos no Brasil foram vítimas de violência _21 deles morreram.

Os assassinatos a tiros dos prefeitos Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, em Campinas (95 km de São Paulo), e Celso Daniel, de Santo André (no ABC paulista), levaram alguns membros do PT a afirmar que existe no país uma ação articulada contra os políticos do partido.

O levantamento feito pela Agência Folha com prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais mostra que, de 54 casos de violência registrados, 17 (31,5%) tiveram petistas como vítimas. Dos 21 assassinados, 5 (23,8%) pertenciam ao partido.

Mas outras legendas também são atingidas pela violência contra detentores de cargos eletivos. Desde 1998, o PSB teve dois prefeitos assassinados (Itapebi-BA e Floresta-PE); o PPB, perdeu um prefeito (Castro Alves-BA); e o PFL também (Capitão de Campos-PI). Do PPS, foi assassinado um vice-prefeito (Mariluz-PR).

No PT, além dos casos recentes em São Paulo, Dorcelina Folador, prefeita de Mundo Novo (MS), também foi morta, em 1999. Dorcelina foi alvejada com seis tiros, na varanda de sua casa.

Entre os que sobreviveram, há prefeitos do PSDB (Guarapuava-PR), PMDB (Camboriú-SC), PDT (Balneário Camboriú-SC), PL (Cubatão-SP) e PFL (Santa Luzia-MG). Nesse rol também estão os prefeitos de Betim (MG), Embu (SP) e Ribeirão Corrente (SP), todos membros do PT.

"Se Deus quiser, este é meu último mandato. Foi a pior profissão que arrumei na vida. Vou ficar até o final só para não fazer feio com os eleitores", afirmou o vereador Célio Alves de Souza (PTB), de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, depois que jogaram uma bomba em sua casa.

Os assassinatos de prefeitos de diferentes partidos políticos levaram até à criação de uma entidade, chamada União das Viúvas e Famílias de Ex-Prefeitos Assassinados do Piauí. Ela pressiona autoridades para que os crimes sejam devidamente apurados.

Em 1999, a entidade chegou a produzir um dossiê detalhado sobre os casos de oito prefeitos assassinados no exercício do mandato no Estado, entre os anos de 1989 e 1999.

Em parte desses casos, os vice-prefeitos são apontados como mandantes dos homicídios.

Para o senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, apesar dos assassinatos e ameaças a membros do PT, não existe no Brasil uma onda de violência direcionada a petistas.

"Não vou entrar nessa paranóia de que o crime contra o Celso Daniel foi político. Estamos vivendo, como nunca vivemos, um processo democrático. Não vejo no Brasil clima para alguém imaginar que exista perseguição política", afirmou o senador.

No último dia 6 de dezembro, a direção do Partido dos Trabalhadores enviou ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, um documento contendo o relato de 81 casos de violência contra membros do PT, para os quais foram solicitadas providências. É o único partido com tal levantamento.

Um dos que assinam a correspondência ao ministro, o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirma que os políticos petistas se tornaram alvo preferencial da violência política porque tentam adotar medidas moralizadoras que se chocam contra interesses de grupos oligárquicos e do crime organizado.
"Há uma intolerância crescente no país em relação às formas de administrar as divergências políticas", sustentou o deputado.

Para o cientista político Fernando Abrucio, professor da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas, os recentes casos envolvendo o PT não são resultado de um aumento dos crimes de natureza política. De acordo com ele, esses casos são um reflexo da visibilidade que o "avanço" da democracia no país deu a tais incidentes.

"O Brasil já foi muito mais violento. Nunca ampliamos tanto a democracia como atualmente. Hoje esses fatos negativos só têm essa visibilidade por causa do avanço da democracia, o que é um fato positivo", afirmou.
 

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