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01/04/2002 - 20h11

Veja em detalhes como foi o sequestro do prefeito Celso Daniel

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LÍVIA MARRA
da Folha Online

Após 70 dias de investigações, a polícia de São Paulo concluiu hoje o inquérito sobre a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel.

Seis pessoas foram apontadas como responsáveis pelo crime e tiveram suas prisões preventiva pedidas à Justiça. O menor conhecido como Lalo, que confessou ter sido o autor dos disparos que mataram Daniel, deve passar no máximo três anos na Febem.

Os outros acusado são integrantes da quadrilha da favela Pantanal, que fica na zona sul de São Paulo. O bando era liderado por Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro, que está foragido.

Ao apresentar o relatório final sobre o crime, o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), forneceu detalhes que mostram como ocorreu toda a ação que culminou com a morte do prefeito. Leia abaixo como aconteceu o caso, segundo a polícia.

Ação dos criminosos
Segundo a polícia, os criminosos que mataram Celso Daniel pretendiam sequestrar outra pessoa, um comerciante cuja identidade é mantida em sigilo por questões de segurança. O crime teria começado a ser planejado com uma semana de antecedência por Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro.

José Édson da Silva ficou responsável por encontrar um local para servir de cativeiro. Ele alugou um sítio no município de Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo para este fim.

Depois de definir o cativeiro, o bando passou a se concentrar em conseguir os carros que seriam usados no sequestro. Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos, determinou que o menor C.W.C.R, o Kiti, roubasse uma Blazer. Itamar Messias Silva dos Santos, Rodolfo Rodrigo de Souza Oliveira, o Bozinho, roubaram um segundo veículo, um Santana.

No dia 17 de janeiro, Monstro reuniu o Itamar, Bozinho, Marquinhos, Édson e Elcyd Oliveira Brito, conhecido como John, para avisar que o sequestro iria ocorrer no dia seguinte.

Também no dia 17 foram escolhidas duas pessoas para trabalharem como "carcereiros" no cativeiro de Juquitiba. A polícia diz que esses homens eram conhecidos como Baianinho e Primo, mas eles ainda não foram identificados.

Na tarde do dia 18, Monstro autorizou o início da operação de sequestro. Ele e Marquinhos saíram a bordo do santana e, por celular, Monstro comandava os outros quatro criminosos, que estavam na Blazer.

Seguindo as orientações do líder do bando, John, Bozinho, Itamar e Édson tentaram perseguir o comerciante que eles planejavam sequestrar, mas o perderam de vista.

Monstro, então, determinou uma "parada estratégica" para reunir o grupo e decidiu que o primeiro carro importado que a quadrilha encontrasse se transformaria no novo alvo da ação.

Eles passaram a circular entre as avenidas dos Bandeirantes e Tancredo Neves e o túnel Maria Maluf. Neste trajeto, Monstro escolheu a Pajero onde estavam Celso Daniel e o empresário Sérgio Gomes.

A ação para abordar o veículo começou no cruzamento das avenidas Nossa Senhora das Mercês e Nossa Senhora da Saúde. O grupo passou a perseguir a Pajero e a bater com a Blazer contra o veículo.

Bozinho e Itamar desceram da Blazer, atiraram contra a Pajero e retiraram Celso Daniel, que foi rendido imediatamente. O prefeito de Santo André foi levado para a favela Pantanal, na divida entre São Paulo e Diadema.

Na favela, Daniel foi retirado da Blazer, colocado no Santana e levado para o cativeiro de Juquitiba. Foi Édson quem dirigiu o veículo durante este trajeto.

No dia seguinte, Monstro, Itamar e Bozinho descobriram, por meio da imprensa, que haviam sequestrado Celso Daniel. Como a pressão foi muito grande, eles temeram uma ofensiva da polícia para encontrar o prefeito e decidiram desistir do sequestro.

Monstro teria chamado Edson e ordenado que a vítima fosse "dispensada". Os integrantes do bando afirmam que isso quer dizer que Daniel deveria ter sido libertado, mas para Edson, encarregado de cumprir a ordem, o termo teve duplo sentido: ele entendeu que deveria matar o prefeito.

Edson então, contratou o menor conhecido como Lalo para a realização do "serviço". Ele levou Lalo e Daniel par a estrada da Cachoeira, em Juquitiba, e ordenou que o jovem matasse o prefeito. O corpo de Celso Daniel foi encontrado no local dois dias depois do sequestro com oito perfurações de bala.

Lalo, que já está sob custódia da Febem, deverá ficar apenas 3 anos privado de liberdade. Os outros envolvidos no crime vão responder por extorsão mediante sequestro pela morte de Daniel, já que o objetivo inicial do bando era cobrar resgate. O crime terá o agravante de ter culminado com a morte da vítima. Com isso, eles poderão ser condenados a penas que variam de 24 a 30 anos de prisão.

Leia mais sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel

 

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