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17/07/2002 - 04h02

Prefeitura de São Paulo troca cobertor por cartão

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DAGUITO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo

A Prefeitura de São Paulo mudou o procedimento de atendimento aos moradores de rua neste inverno. No ano passado, as pessoas que se recusavam a ir a albergues municipais recebiam um cobertor. Agora ganham um guia de serviços e um cartão numerado para que, caso mudem de idéia, tenham acesso facilitado aos albergues municipais.

Na madrugada de ontem, a prefeita Marta Suplicy (PT) tentou convencer moradores de rua da Vila Mariana (zona sul) e do Cambuci (centro) a ir aos albergues. "As assistentes sociais encontram muita resistência e eu queria saber o porquê."

Acompanhada da secretária de Assistência Social, Aldaíza Sposati, Marta abordou sete pessoas. Mas só Sebastião Domingo Filho, 50, aceitou o convite. Segundo a assistente Maria Antonieta Moraes, 47, Domingo Filho já havia sido recolhido das ruas mais de quatro vezes e já tinha recebido o cartão. "Eles perdem."

Marta disse que o cartão é para facilitar a ida ao albergue. "Tem uma parcela que prefere ficar na rua. Fazemos o possível para diminuir [essa parcela]." Segundo a prefeitura, 70% aceitam o convite.

Uma das mulheres abordadas por Marta calçava chinelos e estava sem agasalho, embora a temperatura mínima registrada ontem tenha chegado a 11,7C. Aparentemente com frio, ela recusou o convite: "Não fale em abrigo." Já Carlos Antônio Pereira mostrou os punhos para a prefeita, como se ela fosse algemá-lo. "Albergue? Prefiro ir para a detenção."

Por volta da 0h, Marta foi ao albergue Estação Vivência, na Ponte Pequena (zona norte). Em um dos alojamentos, Ivan Ribeiro dos Santos, 22, dormia nu. Os assessores da prefeita fecharam a porta para que ele se vestisse.

O presidente da ONG Anjos da Noite, Antenor Ferreira, 49, apóia a mudança no atendimento. "O cobertor, o morador perde; com o cartão, ele fica cadastrado."

Evilásio Farias, que era secretário de Assistência Social no inverno de 2001, quando 500 cobertores foram distribuídos, concorda. "Pode ser uma forma de forçar o morador a aceitar os albergues."

Foram produzidos 15 mil cartões, sendo que 1.500 já foram distribuídos. Mas a rede dos albergues deve estar totalmente informatizada apenas em agosto.

O Acolher envolve 25 albergues e 30 casas de convivência, onde, além do abrigo, o morador recebe alimentação, banho e atividades profissionalizantes. Segundo dados de 2000, há 8.200 pessoas "em situação de rua" na cidade.
 

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