Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/07/2002 - 19h49

Tráfico é suspeito de assassinar sambista da Império em morro do Rio

Publicidade

MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

O diretor de bateria da escola de samba Império Serrano, Antônio Carlos Soares de Araújo, 47, o Macarrão, foi morto a tiros na noite de ontem no morro da Serrinha, em Madureira (zona norte do Rio). Os assassinos obrigaram um motorista de táxi a transportar o corpo para fora da favela.

A Polícia Civil suspeita que Macarrão tenha sido assassinado pelo bando do traficante Irapuan David Lopes, o Gangan, um dos principais integrantes da facção criminosa TC (Terceiro Comando) e apontado como chefe do tráfico no morro.

Segundo o delegado-titular da 29ª DP (Delegacia de Polícia), Juber Baesso, Macarrão, que era o vice-presidente da Associação de Moradores da Serrinha, vivia "batendo de frente com os traficantes". De acordo com Baesso, ele chegou a ser mantido amarrado e em cárcere privado pelos criminosos em outro episódio.

Macarrão foi morto no alto do morro. Em depoimento à 29ª DP, o taxista Ivens Luciano Abreu disse que, após deixar um casal na entrada da Serrinha, foi surpreendido por dois homens encapuzados que o obrigaram a subir o morro, onde eles iriam fazer um "trabalhinho".

Ao chegar ao local, segundo o depoimento, apareceram mais dez homens armados, que mandaram Abreu se esconder para não presenciar o crime.
De acordo com o relato do taxista, após matarem Macarrão, os criminosos jogaram o cadáver no porta-malas e ordenaram a ele que desse "um sumiço" no corpo.

"Ele disse que saiu em disparada e comunicou o fato ao primeiro carro policial que encontrou", disse o delegado.

Baesso afirmou ter recebido a informação de que Macarrão proibira a venda de drogas na porta da Associação de Moradores, além o uso pelos traficantes do telefone da entidade, o que reforça as suspeitas de que o sambista tenha sido morto pelo tráfico de drogas.

Disputa de poder
Baesso afirmou que não descarta a hipótese de Macarrão ter sido vítima de uma guerra pela disputa de poder na Império Serrano. Segundo ele, alguns integrantes da escola são contra a permanência da presidente Neide Domiciana Coimbra, reeleita em maio para o cargo na escola.
Macarrão era um dos principais aliados da presidente, que o nomeou mestre de bateria em 1999, quando assumiu a direção do Império Serrano.

Neide afirmou que, de fato, a escola vive um conflito interno, mas disse desconhecer os motivos do crime. Segundo ela, Macarrão moralizou a bateria da Império Serrano e expulsou todos aqueles que não se adequassem a suas regras de conduta.

"Quem fosse pego fumando maconha ou cheirando cocaína estava fora da bateria", disse ela.

Macarrão tinha 30 anos de escola. Seu auge aconteceu este ano, quando ganhou o "Estandarte de Ouro" de melhor bateria, prêmio concedido pelo jornal "O Globo".

O sambista era casado e tinha três filhos. Seu corpo foi velado na quadra da Império Serrano, em Madureira. O enterro está previsto para as 9h desta sexta-feira, no cemitério do Irajá (zona norte).

Em sinal de luto, a direção da Império decidiu não realizar ensaios no fim de semana.

Esse não foi o primeiro grande nome da escola de samba a ser assassinado. Em 1989, o mestre-sala Zequinha foi morto a tiros quando saía de um dos ensaios da Império Serrano.


Leia mais:
  •  Amigos destacam qualidades de sambista assassinado no Rio
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página