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05/09/2002
-
09h44
da Folha Ribeirão
A mãe do menino de 3 anos que baleou o pai policial em Taquaritinga (330 km de SP), na noite de terça-feira, disse que o garoto foi influenciado pela nova novela da Rede Globo "O Beijo do Vampiro". Ela afirmou que a criança, antes de dormir, disse que, se encontrasse um vampiro, à noite, iria matá-lo.
"Foi um choque muito grande, quando acordei com o barulho, a cama estava cheia de sangue e eu não sabia o que tinha acontecido. Pensei que meu filho tinha estourado a cabeça", declarou L.A.I.C., 26, que pediu para não ter os nomes dos integrantes da família divulgados.
O escrivão da Polícia Civil C.A.C., 31, foi atingido por um tiro disparado pelo próprio filho, enquanto dormia. Segundo a polícia, a criança conseguiu pegar a arma, um revólver calibre 38 do escrivão, encostou-a nas costas do pai e disparou.
O revólver estava em cima da geladeira. A polícia acredita que o menino tenha subido em uma cadeira para pegá-lo.
O projétil perfurou as costas do policial e se alojou no braço esquerdo dele. C.A.C. foi socorrido no hospital São Francisco, em Ribeirão, onde permanecia internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ontem às 19h. O policial não corre risco de morte.
A mãe do menino afirmou que o marido não costumava deixar a arma carregada em casa. "Ele está se sentindo culpado pelo que aconteceu, mas tudo é culpa desses programas [de TV] que mexem com a cabeça das crianças."
A Central Globo de Comunicação informou que somente se pronunciaria após obter detalhes do caso.
O psicólogo social Sérgio Kodato, professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, afirmou que o caso se caracteriza com um estímulo do imaginário do medo. "A mídia acaba veiculando violência direta ou indiretamente e acaba estimulando o comportamento agressivo, defensivo e violento."
Kodato declarou ainda que uma criança de três anos passa por "um intenso processo de identificação" e que, nesse caso, possivelmente, o menino quis imitar o "pai herói", que lida com armas.
Giaretta afirmou também que foi instaurado um inquérito policial para apurar a autoria do disparo. Exames residuográficos também foram realizados. O delegado não divulgou quem passou pelos exames.
Questionado sobre a possibilidade de uma criança de três anos ter forças para apertar o gatilho de um revólver 38, o delegado disse que "tudo indica que ela conseguiu". A mãe do menino também disse que o filho era capaz de disparar a arma.
Instrutores de tiro da PM ouvidos pela Folha dizem que é possível uma criança de três anos efetuar o disparo de um 38. "Mas isso depende do físico da criança e das características da arma", afirmou o tenente Gerson Zanetti.
Ainda segundo Giaretta, a Seccional de Araraquara, que responde pela delegacia de Taquaritinga, deve instaurar uma sindicância administrativa para apurar a conduta do policial.
O delegado disse que é recomendado aos policiais que deixem seus revólveres carregados em casa, desde que em locais seguros.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN
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Criança foi influenciada por novela ao atirar em policial, diz mãe
RODRIGO ROSSIda Folha Ribeirão
A mãe do menino de 3 anos que baleou o pai policial em Taquaritinga (330 km de SP), na noite de terça-feira, disse que o garoto foi influenciado pela nova novela da Rede Globo "O Beijo do Vampiro". Ela afirmou que a criança, antes de dormir, disse que, se encontrasse um vampiro, à noite, iria matá-lo.
"Foi um choque muito grande, quando acordei com o barulho, a cama estava cheia de sangue e eu não sabia o que tinha acontecido. Pensei que meu filho tinha estourado a cabeça", declarou L.A.I.C., 26, que pediu para não ter os nomes dos integrantes da família divulgados.
O escrivão da Polícia Civil C.A.C., 31, foi atingido por um tiro disparado pelo próprio filho, enquanto dormia. Segundo a polícia, a criança conseguiu pegar a arma, um revólver calibre 38 do escrivão, encostou-a nas costas do pai e disparou.
O revólver estava em cima da geladeira. A polícia acredita que o menino tenha subido em uma cadeira para pegá-lo.
O projétil perfurou as costas do policial e se alojou no braço esquerdo dele. C.A.C. foi socorrido no hospital São Francisco, em Ribeirão, onde permanecia internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ontem às 19h. O policial não corre risco de morte.
A mãe do menino afirmou que o marido não costumava deixar a arma carregada em casa. "Ele está se sentindo culpado pelo que aconteceu, mas tudo é culpa desses programas [de TV] que mexem com a cabeça das crianças."
A Central Globo de Comunicação informou que somente se pronunciaria após obter detalhes do caso.
O psicólogo social Sérgio Kodato, professor da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, afirmou que o caso se caracteriza com um estímulo do imaginário do medo. "A mídia acaba veiculando violência direta ou indiretamente e acaba estimulando o comportamento agressivo, defensivo e violento."
Kodato declarou ainda que uma criança de três anos passa por "um intenso processo de identificação" e que, nesse caso, possivelmente, o menino quis imitar o "pai herói", que lida com armas.
Giaretta afirmou também que foi instaurado um inquérito policial para apurar a autoria do disparo. Exames residuográficos também foram realizados. O delegado não divulgou quem passou pelos exames.
Questionado sobre a possibilidade de uma criança de três anos ter forças para apertar o gatilho de um revólver 38, o delegado disse que "tudo indica que ela conseguiu". A mãe do menino também disse que o filho era capaz de disparar a arma.
Instrutores de tiro da PM ouvidos pela Folha dizem que é possível uma criança de três anos efetuar o disparo de um 38. "Mas isso depende do físico da criança e das características da arma", afirmou o tenente Gerson Zanetti.
Ainda segundo Giaretta, a Seccional de Araraquara, que responde pela delegacia de Taquaritinga, deve instaurar uma sindicância administrativa para apurar a conduta do policial.
O delegado disse que é recomendado aos policiais que deixem seus revólveres carregados em casa, desde que em locais seguros.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN
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