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25/09/2002 - 04h33

Comitê investiga consulado italiano em São Paulo

da Folha de S.Paulo

O Comites (Comitê de Italianos no Exterior), órgão oficial do governo italiano, instaurou uma comissão de inquérito para investigar supostas irregularidades na concessão de cidadania italiana e na emissão de vistos pelo Consulado Geral da Itália em São Paulo, ocorridas a partir de 1997.

Entre outros pontos, a comissão de inquérito, formada em junho, apura eventuais responsabilidades do atual cônsul italiano em São Paulo, Gianluca Cortese.

A comissão funciona como uma CPI. O resultado da investigação deve ser enviado ao Ministério da Justiça e à Procuradoria da República da Itália.

A principal testemunha, a tradutora Leonora Giuliana Caterini, 45, depôs anteontem na comissão e entregou documentos -inclusive papéis internos do consulado- referentes a três casos. A Polícia Federal investiga um deles.

Leonora Giuliana diz ter descoberto a falsificação do certificado de nascimento de um italiano. A suposta fraude, ocorrida em 1997, teria o objetivo de viabilizar a aprovação da cidadania de um descendente.

Segundo a tradutora, que já encaminhou pedidos de cidadania para cerca de 25 jogadores de futebol de salão amador, dados armazenados nos computadores do consulado afirmam que Geremia Zorzenon nasceu em San Stino di Livenza.

Só que um registro antigo da igreja, incluído na documentação, revela que Zorzenon nasceu em Fumicello, localizada em antigo território austro-húngaro anexado pela Itália em 1920. Em 1997, não era permitido conceder cidadania aos descendentes de nascidos nessa região, o que foi alterado em 2000.

Leonora também apresentou um documento do consulado, de 2001, sobre o pedido de cidadania para o jogador de futebol de campo André Augusto Leone, o Dedé.

Segundo esse documento, o pedido de cidadania entrou e foi viabilizado no mesmo dia -em data em que o serviço estava fechado para o público. Normalmente, esse processo demora meses.

A tradutora também apresentou documentos para mostrar que o consulado tentou impedir que um funcionário prestasse depoimento na Polícia Federal, que investigava o uso de certidões falsas na concessão de 61 vistos turísticos para peruanos, em 2001.

Pierpaolo Savio, que exercia o cargo de chanceler chefe, acabou depondo e negou conhecer qualquer irregularidade no consulado. Ele respondeu a um procedimento disciplinar e foi envidado de volta à Itália.

"A prova de cidadania falsa está aí para quem quiser ver. É uma prova de irregularidade, não tenho dúvida", afirmou a tradutora.

Para o presidente da comissão de inquérito, Francesco Scavolini, os documentos mostram que é preciso seguir com a investigação. "Precisamos passar tudo isso a limpo", afirmou Scavolini.

Ele solicitou documentos ao consulado e depoimento do próprio cônsul à comissão de inquérito, mas teve resposta negativa.

Existe uma divisão no Comites em relação à investigação. Para o presidente do comitê, Claudio João Pieroni, os documentos entregues à comissão antes do depoimento de anteontem se referem apenas "reclamações, e não denúncias de irregularidades".

Pieroni diz que os membros da comissão de inquérito vão analisar os novos documentos encaminhadas por Leonora antes de decidir o futuro da investigação. "Se não houver prova de irregularidade, a comissão de inquérito deve ser destituída, e essas reclamações devem ser apuradas por uma comissão de trabalho", disse.
 

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