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08/11/2002 - 15h04

Menino sequestrado em Brasília há 16 anos é encontrado em Goiânia

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

Depois de 16 anos, auditor fiscal da Receita Federal, Jairo Tapajós Braule Pinto, 50, e sua mulher, Maria Auxiliadora Rosalino Braule Pinto, 49, encontraram, enfim, o filho sequestrado da maternidade Santa Lúcia, no Distrito Federal. O garoto mora, atualmente, em Goiânia.

Na manhã de hoje o diretor-geral da Polícia Civil, Laerte Bessa, confirmou o resultado do exame.

"Um milagre!" É assim que os pais de Pedrinho avaliam o reencontro com filho.

O bebê foi levado por uma mulher que se fez passar por assistente social da maternidade. A primeira pista para encontrar Pedrinho veio da internet, no último dia 20 de outubro.

Uma mensagem eletrônica enviada a Missing Kids [uma ONG que trabalha em defesa de crianças e adolescentes, junto com o SOS Criança, da Secretaria de Ação Social, no DF] contava a história de um garoto nascido em Brasília e adotado por uma família goiana. O denunciante, que tem a identidade preservada pela polícia, garantiu que se tratava de Pedrinho.

O SOS Criança encaminhou à polícia provas apontadas pela pessoa, como fotos e descrições do garoto e da família goiana. Os policiais foram a Goiânia, no endereço indicado pelo denunciante. Filmaram e fotografaram o adolescente. As imagens foram mostradas a Jairo Tapajós Braule Pinto, o pai de Pedrinho.

O primeiro contato com o adolescente foi feito pela polícia, na noite da última quarta-feira (6), mas ele se recusou a fazer o exame de DNA para comprovar que Jairo e Auxiliadora seriam seus pais verdadeiros. O garoto temia pelo futuro da mãe adotiva. Achava que ela poderia ser presa, se ficasse confirmado que ele era o menino sequestrado em Brasília.

O garoto mora num sobrado, em um bairro de classe média de Goiânia. Até quarta-feira, ele não imaginava ser protagonista de uma história que comove Brasília desde a tarde de 21 de janeiro de 1986. Naquele dia, uma mulher que se fez passar por assistente social entrou no quarto número 10 do Hospital Santa Lúcia (Asa Sul) e roubou Pedrinho, nascido havia 13 horas.

Jairo ligou para o rapaz para acalmá-lo. Explicou que o crime havia prescrito há oito anos. Quem rapta um menor de idade, de acordo com a lei, só pode ser condenado e preso se o caso for julgado até oito anos após a data do crime.

O primeiro contato entre os dois se deu no início da manhã de ontem. Jairo ligou da Polícia Civil, ao lado da madrinha de Ricardo e de um advogado da família dele, de Goiânia, que vieram a Brasília acompanhar a investigação.

"Ele estava resistente, mas depois que expliquei os meus motivos, aceitou fazer o teste", disse o auditor. A pedido do adolescente, Jairo também conversou com a mãe dele. Garantiu a ela que pretendia apenas descobrir a verdade e que não vai pressionar o garoto a abandonar a família que o criou.

"Eu só posso agradecer por ele ter sido bem criado", disse. Após muita insistência, ontem a polícia colheu amostras de sangue para fazer o exame.

Emoção

A movimentação é grande na casa dos pais do adolescente. A família está recebendo muitos amigos e familiares.

Muito emocionado, Jairo exibiu nas mãos o resultado do exame de DNA que comprova a paternidade. Ele disse que está muito feliz e que um milagre aconteceu.

"Quero agora abraçá-lo como meu filho. Só quero o bem estar dele. Ele não perdeu uma família. Ele ganhou duas. Já conversei com ele várias vezes por telefone e disse para que ele fique tranquilo", disse o pai de Pedrinho.

A mão, Maria Auxiliadora, não acreditava que o filho havia sido encontrado. "Não acreditei. O delegado leu o resultado do exame de DNA informando que Pedrinho era mesmo meu filho e eu pedi para ele repetir. Ele leu o resultado novamente. Só assim acreditei", declarou emocionada.

Os pais verdadeiros de Pedrinho dizem que não guardam rancor da família que adotou o garoto. "Só tenho a agradecer pelo cuidado que tiveram com ele. Sei que ele é um menino muito educado e com muita saúde", disse Jairo.

Segundo Jairo, Pedrinho chegará à Brasília ainda nesta tarde. Os pais o encontrarão num local reservado, longe de curiosos e da imprensa.
 

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