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04/12/2002 - 14h40

Candidatos confirmam à Câmara venda de legenda pelo Prona

SILVIO NAVARRO
da Folha Online

Quatro pessoas admitiram hoje durante a segunda sessão da sindicância instalada na Câmara Municipal para apurar a suposta venda de legenda pela vereadora Havanir Nimtz (Prona) que o partido cobra por uma vaga para concorrer nas eleições.

Hoje, a comissão responsável pela sindicância, formada por nove vereadores, ouviu depoimentos de sete candidatos não eleitos do Prona às eleições deste ano, entre eles o comerciante de Santos Jorge Roberto Leite, primeiro denunciante do suposto mercado de vagas do Prona.

Além dos candidatos, também foi ouvido o tesoureiro estadual do Prona, Júlio Gasques Lopes, que teve uma crise de hipertensão no final de seu depoimento.

Assim como na semana passada, Havanir assistiu à reunião e fez sucessivas solicitações à Mesa, entre elas que o advogado e o dirigente municipal do partido em Santos, Renato Sérgio de Oliveira, fosse ouvido no final da sessão.

Oliveira afirma ter acompanhado Jorge Roberto Leite durante o encontro com Havanir, em que foi gravada a cobrança de uma vaga para concorrer à Assembléia Legislativa de São Paulo em 2002.

Atrito
O depoimento de Oliveira foi o mais tenso e polêmico dos nove. Ele chegou, inclusive, a entrar em atrito com o relator da comissão, o vereador Milton Leite (PMDB).

"O senhor não está sendo claro, está tentando me enrolar e não vai conseguir", disse o advogado durante seu depoimento. "Ele estava imaginando que viesse veio aqui para aliviar o lado do Prona, na verdade piorou. Ele corroborou as palavras do Jorge", afirmou o vereador.

Oliveira alegou que sua presença foi um pedido da médica Havanir e que atendeu porque estava "mal com o partido até a semana passada" por ter estado ao lado de Jorge Roberto Leite no dia da gravação.

Jorge Roberto Leite repetiu as denúncias feitas ao Ministério Público de que Havanir, ex-presidente do diretório estadual do Prona, teria sido cobrado dele R$ 5.000 pela legenda sob a forma de compra de cartilhas doutrinárias do médico cardiologista Enéas Carneiro, o deputado federal melhor votado da história.

"Aquela fita retrata o que aconteceu. Há um número expressivo de depoentes que dizem que foi solicitado o dinheiro, e alguns que dizem que não puderam sair candidatos porque não tinham a quantia. O fato existe, agora temos que lidar com ele", afirmou em entrevista após a sessão o presidente da comissão, vereador Eliseu Gabriel (PDT).

Nova denúncia
Em seu depoimento, o comerciante de Santos citou um "vendedor que teria pago R$ 3.000 em notas de R$ 10" por uma vaga nas eleições deste ano. O alagoano Cícero Aristides, conhecido como Cícero da Comunidade, que vende balas em frente a um colégio na Vila Missionária, periferia da zona sul, declarou à Folha Online, há dez dias, ter pago os R$ 3.000 em notas de R$ 10 a doutora Havanir pela compra de 300 cartilhas que nunca recebeu.

Outros três admitiram que o Prona solicitou dinheiro para concorrer à Assembléia: Ivan Batista Marinho, Laércio Ezequiel dos Santos e Jandui Valdevino da Silva, que teria pago na eleição anterior, para vereador em 2000. "Se não comprasse as cartilhas, não sairia candidato", disse Ivan Batista, que recebeu pouco mais de 1.900 votos.

O tenente aposentado da Polícia Militar Antônio Vicente e os médicos Francisco Tadao Nakano e Paulo Flores negaram.

O relator da comissão Milton Leite solicitou cópia da microfilmagem dos cheques entregues à doutora Havanir por Ivan Batista e Jandui Valdevino. "Só queremos saber para onde iriam os cheques", afirmou o vereador Milton Leite.

A deliberação do pedido será feita juntamente com outras solicitações na segunda-feira à tarde, quando os vereadores devem se reunir na Casa. A comissão tem até o dia 20 de dezembro para apresentar um relatório. A sindicância apura se houve quebra de decoro parlamentar de Havanir, atendendo um pedido do Ministério Público, que abriu inquérito civil contra a vereadora e deputada estadual eleita.

Caso seja apurada irregularidade na conduta dela, poderá ser aberta uma comissão processante por decoro parlamentar e até indicar a cassação da vereadora.

Deputada estadual mais bem votada em 2002, a vereadora é acusada de condicionar a candidatura à compra de cartilhas do partido confeccionadas na gráfica de Enéas.

Enéas afirmou que o dinheiro das cartilhas é depositado na conta da livraria e editora de sua propriedade e repassado ao partido que preside "conforme a necessidade".
 

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