Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/02/2003 - 03h55

"Loucura Suburbana" anima pacientes no Rio

TALITA FIGUEIREDO
Free-lance para a Folha de S.Paulo

No Rio, é difícil achar quem não seja louco por Carnaval. Pacientes do Instituto Psiquiátrico Nise da Silveira, no Engenho de Dentro (zona norte do Rio), não fogem à regra. O grupo escolheu na semana passada o samba que vai animar o desfile de hoje, pelas ruas do bairro. O nome da música é o mesmo do bloco: "Loucura Suburbana".

O samba vencedor foi de Íris Duque Estrada, 61. "Fiu, fiu, fiu, que lá vai passando uma morena. Fiu, fiu, fiu, p'ra ninguém botar defeito", cantou o refrão.

Estrada contou que escreve música desde que se internou, o que aconteceu em diferentes períodos de sua vida. "Acho que a música é a loucura boa, e me inspiro nas coisas de dentro e de fora. Quem tem uma só visão [das coisas" é que é louco."

Paciente do instituto há 12 anos, Jorge Luiz de Paula Araújo, 36, é poeta e escritor. "Acho que [o Carnaval] é a mistura do exuberante e do simplório. Uma forma de tirar do povo o nó na garganta, a angústia, a aflição e a inflação", disse.

A inspiração de Araújo está na praia, onde vê "a beleza das mulheres e da natureza". Ele é um dos pacientes-dia, que frequentam as oficinas do hospital e vão para casa no final do dia.

"O bloco está dentro de um programa de reabilitação dos usuários do instituto. Queremos acabar com o preconceito, com o estigma da loucura e inserir os pacientes na vida real. Colocá-los para participar do Carnaval, que é uma festa popular, é um grande passo", disse Ariadne Moura Mendes, funcionária do instituto. "A gente se surpreende com o poder da música ao ver pacientes gravíssimos fazendo samba."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página