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27/07/2003 - 06h47

Exposição virtual reconstrói a avenida Paulista de 1919

da Folha de S. Paulo

Entre games de última geração e discussões acadêmicas que colocam Hamlet no enredo de "Guerra nas Estrelas", o que mais chama a atenção na exposição "Game o Quê?", que o Instituto Itaú Cultural abre nesta terça em São Paulo, não poderia ser menos "tecnológico": a velha avenida Paulista.

O mais famoso corredor de asfalto da cidade, inaugurado em 1891 pelo uruguaio Joaquim Eugênio de Lima, é o tema do passeio virtual "Paulista 1919", criado pelos engenheiros do Itaulab, o braço tecnológico do centro cultural. Com ajuda de historiadores, literatura e imagens da época, eles tentaram chegar o mais próximo da realidade do lugar em 1919.

As imagens são exibidas num telão, e o visitante pode controlar seu passeio por um mouse, mudando seu ponto de vista e andando de um lado para o outro da avenida, como num jogo.

A Paulista, antes uma trilha de bois que cortava a mata de Caguaçu, tinha naquele ano apenas 16 construções, que se espalhavam do largo do Paraíso (hoje praça Osvaldo Cruz) à rua Itatiaia (atual avenida Angélica).

"Escolhemos este ano por já ter edificações significativas e reconhecíveis pelo público", disse Marcos Cuzziol, gerente do Itaulab.

Dessas, dez eram casas, de nomes tradicionais como Alberto de Paula Silva Pereira e Joaquim Francisco de Melo mas já com a predominância de imigrantes alemães e italianos tornados poderosos banqueiros e industriais, como os Von Bullow (da Cervejaria Antarctica) e os Pinotti Gamba (dos Moinhos Gamba, depois Moinho Santista, agora Bunge).

"A Paulista de 1920 já não era mais a avenida dos barões do café", disse Benedito Lima de Toledo, professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e autor do livro "Álbum Iconográfico da Avenida Paulista", sobre o período.

Cuzziol avisa que a reconstituição não é "100% correta", mas o grupo liderado por ele tomou alguns cuidados. Por exemplo, a cor das casas.

"A maior parte do material iconográfico que temos é em P&B, então tivemos de consultar historiadores". Souberam que as residências na época traziam cor de pedra bege, com algumas raras caiadas de branco.

Para vestir os homens, mulheres e crianças que passeiam entre Fords T, picapes e bondes vermelhos já movidos a eletricidade (três realidades no período), o modelador, que é o técnico que constrói os personagens em 3D, fotografou a si mesmo e à sua família com roupas de época.

Mas são os prédios públicos que mais chamam a atenção, pois, dos sete reconstituídos, seis deles continuam em atividade até hoje com alterações relativamente pequenas. É o caso do Hospital Santa Catarina (1906), do Instituto Pasteur (1916) e dos colégios São Luiz e Rodrigues Alves (1919).

Os outros são o Parque Villon, rebatizado de Trianon e hoje com o nome de Tenente Siqueira Campos, e o extinto Belvedere logo em frente, talvez o ponto alto da avenida então, com um alcance visual que ia até Santana, que agora dá lugar ao vão livre do Masp.

A reconstrução virtual de uma fase vital do urbanismo paulistano dentro de um evento que de resto trata da história e da cultura de videogames já é reflexo do clima pré-450º aniversário.
 

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