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03/08/2003
-
09h40
da Folha Online, no Rio
A tendência de crescimento do número de assassinatos no país observada nos anos 80 e 90 somente será revertida se houver uma queda da desigualdade de renda no país. Nem mesmo investimentos crescentes na polícia serão capazes de diminuir o número de homicídios ao longo dos próximos anos. É o que mostra um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O estudo, feito pelos pesquisadores Daniel Cerqueira e Waldir Lobão, faz simulações até 2006 com base em dados de homicídios de 1999 dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os dois Estados responderam por cerca de metade dos assassinatos no Brasil nas décadas de 80 e 90.
No Estado de São Paulo, uma redução de 2% ao ano na desigualdade da renda faria o número de homicídios cair 11,6% de 2001 a 2006.
Entretanto, na contramão, um crescimento de 10% ao ano nos investimentos destinados à polícia resultaria em mais 26,42% casos de homicídios no período. O número de assassinatos em São Paulo alcançaria 20.306.
O estudo mostra que no Estado do Rio, com a redução da desigualdade, os homicídios baixariam 12,8%, num total de 7.210 casos em 2006. Já considerando apenas o gasto em segurança pública, segundo os pesquisadores, haveria um aumento de 54,1% nos registros de assassinatos, totalizando 12.745.
Nem mesmo um crescimento econômico consistente seria capaz de reverter o quadro agravante da criminalidade. Segundo as simulações do estudo, se a renda per capita crescer 4% ao ano, o Estado de São Paulo vai contabilizar 21.244 assassinatos em 2006, o que significa uma alta de 32,26% em relação a 2001. A razão é que mesmo com a economia entrando numa trajetória de considerável crescimento, sem a redução da desigualdade, a criminalidade aumenta.
O Rio de Janeiro, por sua vez, registraria mais 68,9% casos de homicídios em 2006 em relação a 2001 se somente o crescimento ocorrer.
"Não há estudo sério que comprove que colocar mais recursos na polícia gera menos criminalidade", afirma Daniel Cerqueira. Ou seja, o velho discurso de que não se deve apenas investir na repreensão, mas sim se concentrar nas causas da criminalidade continua valendo.
Se todas as alternativas forem concretizadas --queda da desigualdade, aumento da renda e do gasto com segurança--, os casos de homicídios cairiam 17,47% em São Paulo e 35,8% no Rio.
Na pior hipótese, se nada mudar, considerando apenas o crescimento populacional, a previsão é assustadora: o número de homicídios vai aumentar 34% em São Paulo e 88% no Rio até 2006.
Durante as décadas de 80 e 90, os Estados do Rio e de São Paulo, juntos, registraram aumento de 230% na taxa de homicídios. No resto do país, os assassinatos subiram 64%. Durante o período, os homicídios em todo o Brasil cresceram 5,6% ao ano.
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ANA PAULA GRABOISda Folha Online, no Rio
A tendência de crescimento do número de assassinatos no país observada nos anos 80 e 90 somente será revertida se houver uma queda da desigualdade de renda no país. Nem mesmo investimentos crescentes na polícia serão capazes de diminuir o número de homicídios ao longo dos próximos anos. É o que mostra um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O estudo, feito pelos pesquisadores Daniel Cerqueira e Waldir Lobão, faz simulações até 2006 com base em dados de homicídios de 1999 dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Os dois Estados responderam por cerca de metade dos assassinatos no Brasil nas décadas de 80 e 90.
No Estado de São Paulo, uma redução de 2% ao ano na desigualdade da renda faria o número de homicídios cair 11,6% de 2001 a 2006.
Entretanto, na contramão, um crescimento de 10% ao ano nos investimentos destinados à polícia resultaria em mais 26,42% casos de homicídios no período. O número de assassinatos em São Paulo alcançaria 20.306.
O estudo mostra que no Estado do Rio, com a redução da desigualdade, os homicídios baixariam 12,8%, num total de 7.210 casos em 2006. Já considerando apenas o gasto em segurança pública, segundo os pesquisadores, haveria um aumento de 54,1% nos registros de assassinatos, totalizando 12.745.
Nem mesmo um crescimento econômico consistente seria capaz de reverter o quadro agravante da criminalidade. Segundo as simulações do estudo, se a renda per capita crescer 4% ao ano, o Estado de São Paulo vai contabilizar 21.244 assassinatos em 2006, o que significa uma alta de 32,26% em relação a 2001. A razão é que mesmo com a economia entrando numa trajetória de considerável crescimento, sem a redução da desigualdade, a criminalidade aumenta.
O Rio de Janeiro, por sua vez, registraria mais 68,9% casos de homicídios em 2006 em relação a 2001 se somente o crescimento ocorrer.
"Não há estudo sério que comprove que colocar mais recursos na polícia gera menos criminalidade", afirma Daniel Cerqueira. Ou seja, o velho discurso de que não se deve apenas investir na repreensão, mas sim se concentrar nas causas da criminalidade continua valendo.
Se todas as alternativas forem concretizadas --queda da desigualdade, aumento da renda e do gasto com segurança--, os casos de homicídios cairiam 17,47% em São Paulo e 35,8% no Rio.
Na pior hipótese, se nada mudar, considerando apenas o crescimento populacional, a previsão é assustadora: o número de homicídios vai aumentar 34% em São Paulo e 88% no Rio até 2006.
Durante as décadas de 80 e 90, os Estados do Rio e de São Paulo, juntos, registraram aumento de 230% na taxa de homicídios. No resto do país, os assassinatos subiram 64%. Durante o período, os homicídios em todo o Brasil cresceram 5,6% ao ano.
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