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12/10/2003 - 06h48

Mortalidade infantil vem diminuindo nas aldeias

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do enviado especial da Folha de S.Paulo a Dourados

A saúde do índio vai mal e os números mostram que, em comparação com a população branca, os indígenas são mais afetados por mortalidade infantil, desnutrição e tuberculose, por exemplo. Mas os indicadores estão melhorando desde 1999, quando o governo federal, por meio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), começou a atuar em 34 distritos em todo o país.

Em 1999, a mortalidade infantil entre os índios atingia 140 por mil nascimentos. Esse índice foi reduzido a 57,2 em 2001, enquanto no Brasil, entre a população em geral, a média era de 31,7. Em Mato Grosso do Sul, no ano passado, a média atingiu 48,3 e, no Brasil, não chegou a 30.

Um dos fatores que levam à morte de crianças com menos de cinco anos de idade é a desnutrição. Enquanto no Brasil a taxa está em cerca de 15%, entre a população indígena ela é o dobro.

A supervisora de enfermagem Érika Kaneta Ferri, da Funasa, enquanto caminha pela aldeia bororó, vai identificando o problema. "As crianças desnutridas têm o cabelo mais claro, a barriga mais avolumada, e falta brilho no olhar." A aldeia tinha, em julho, 270 desnutridos graves.

Quando o caso é extremo, a criança é encaminhada ao centro de recuperação mantido pela Missão Evangélica Caioá, da igreja Presbiteriana, em parceria com a Funasa.

A criança permanece no local até ganhar o peso ideal. Depois, volta para casa, onde tornará a conviver com a falta de comida. Não é incomum o regresso ao centro.

Para tentar amenizar os efeitos da fome, os agentes da Funasa em Mato Grosso do Sul começaram a difundir um sopão, feito pelos próprios indígenas. A idéia principal do sopão, explica Ferri, é atrair famílias para que tenham informações sobre higiene, doenças e formas de aproveitamento de alimentos.

No início, a iniciativa foi vista com desconfiança. Os índios tinham o sopão como comida para animais. Pouco a pouco, graças a persistência dos monitores, o preconceito foi sendo quebrado. Atualmente, no dia em que há a atividade, vizinhos se juntam em uma casa, levam alimentos que têm disponíveis, principalmente verduras e legumes, e fazem fila para a refeição.

"Aqui temos de improvisar criativamente para não ofender a cultura deles e, ao mesmo tempo, procurar levar mais saúde às aldeias", afirma Ferri.
 

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