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04/11/2003 - 04h05

Polícia atribui ataques ao PCC

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CHICO DE GOIS
ALESSANDRO SILVA

da Folha de S.Paulo

São Paulo viveu uma nova onda de atentados, atribuídos à facção criminosa PCC, entre a madrugada de domingo e ontem. Em menos de 30 horas, pelo menos dez ações contra a Polícia Militar e uma contra a Guarda Civil Metropolitana (GCM) ocorreram em São Paulo, em Santo André (ABC paulista), em São Vicente e no Guarujá (Baixada Santista).

Dois policiais morreram e cinco ficaram feridos, além de outros dois guardas, que foram baleados. Ontem pela manhã, uma granada foi encontrada sob um carro no 43º DP (Cidade Ademar, zona sul de São Paulo). O artefato foi detonado pelo esquadrão antibombas. Ninguém se feriu nessa operação.

A inteligência da polícia sabia, desde quarta-feira, que atentados contra alvos do Estado poderiam ocorrer possivelmente a partir do fim de semana. Ontem, o diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), Godofredo Bittencourt, disse que já identificou dois presos que teriam ordenado os ataques. Ele não revelou os nomes.

Para os promotores Roberto Porto e Márcio Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), os ataques estão ligados às reivindicações que o PCC fez para mudar o funcionamento do RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), ao qual estão submetidos líderes da facção.

Na semana passada, membros da facção apresentaram uma lista de exigências ao diretor do Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes. Para os promotores, uma ação "desse tipo não poderia ter sido realizada sem a anuência dos líderes".

O diretor do Deic confirmou à tarde que as ações foram organizadas pelo PCC. "O PCC é como um câncer, quando você pensa que acabou, ele volta a crescer." Em novembro de 2002, ele anunciou, após isolar os principais líderes em presídios de segurança, que "o PCC é uma organização falida e desmantelada".

O secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, admitiu que a ordem para a ação "pode ter vindo de dentro das cadeias". Ele evitou vincular os atentados diretamente ao PCC. "Não sei se é do PCC." Mas afirmou que "tudo está sendo investigado". Ele disse que "tinha conhecimento de um zunzunzum de que poderia acontecer alguma coisa em Finados". Abreu Filho disse que a polícia estava "em estado de alerta" e afirmou que os atentados seriam uma represália contra a ação da polícia.

A primeira onda de atentados atribuída ao PCC ocorreu entre janeiro e maio de 2002: houve 14 ataques em cinco meses, com saldo de quatro mortes e 17 feridos. Os alvos foram fóruns, prédios públicos e um ônibus com agentes penitenciários no litoral.

Ontem, até o final da tarde, quatro carros haviam sido apreendidos, mas ninguém foi preso.

A série de atentados começou às 2h40 de domingo, com disparos contra uma base móvel da PM na rua Paim, região central de São Paulo. Um soldado ficou ferido.

Depois, foram registradas ações em Santo André, no Parque Anhanguera (zona norte), onde o sargento Fábio Soares, 50, foi morto e um soldado ficou ferido, e em Sapopemba (zona leste), onde dois guardas-civis foram atingidos. Perto de lá, um sargento foi baleado de raspão na cabeça.

Também ocorreram ataques em Jardim Miriam (zona sul), no Itaim Paulista e Cidade Tiradentes (zona leste), em São Vicente e no Guarujá (onde um soldado ficou ferido). O cabo Pedro Cassiano da Cunha foi outro policial morto. Ele estava na base comunitária da PM no bairro Tremembé, zona norte de São Paulo.

Na noite de ontem, outras ocorrências foram registradas na cidade, mas não havia confirmação de que se tratavam de ações planejadas. Um PM ficou ferido.

Colaborou o "Agora"
 

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