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11/11/2003 - 20h47

Intenção de assassinos de casal era fazer um sequestro, diz polícia

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da Folha Online

A aparência e o porte físico dos estudantes Felipe Silva Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, encontrados mortos nesta segunda-feira, chamou a atenção dos criminosos, segundo a Polícia Civil de São Paulo. O casal seria vítima de um assalto.

No entanto, Liana teria insinuado pertencer a uma família "de posses", despertando nos criminosos um plano de sequestrar a garota, de acordo com a polícia.

Detido sob acusação de envolvimento nas mortes, R.A.C., 16, apontou outros dois envolvidos. Um deles, identificado como Agnaldo, foi preso nesta terça-feira. Ele e o adolescente deverão passar por acareação nesta quarta-feira. O outro acusado, conhecido como Pernambuco, ainda não foi localizado.

O adolescente disse, conforme a Polícia Civil, que conheceu Pernambuco no dia 1º, quando os namorados foram abordados. Como estavam sem dinheiro, no local do acampamento, as vítimas foram levadas para uma casa localizada em um sítio da região, que serviu como uma espécie de cativeiro.

Caffé teria sido morto no dia 2, a tiros. Liana, morta a facadas, foi poupada por mais alguns dias, disse R.A.C. Teria sido morta no dia 5. O plano de pedir resgate à família de Liana teria falhado, resultando na morte da estudante. A família da estudante não recebeu nenhum pedido de resgate.

As datas das mortes relatadas por R.A.C. e as divulgadas pelo IML (Instituto Médico Legal) não batem. Segundo o IML, Caffé foi assassinado na última quinta-feira e Liana, no domingo.

As informações foram dadas nesta terça-feira durante entrevista coletiva concedida na Delegacia de Embu-Guaçu pelos delegados Paulo Koch, titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Sílvio Balangio Júnior, da Seccional de Taboão, e Josimar Ferreira, titular da Delegacia de Juquitiba.

Reprodução
Os estudantes Felipe e Liana
Participações

A Polícia Civil afirma que as participações dos três acusados ainda não estão totalmente "delineadas". O depoimento do adolescente foi considerado "confuso" pelos policiais.

R.A.C. disse que Pernambuco realizaria serviços de pintura na região quando saiu para caçar, no dia 1º, e encontrou o adolescente. Os dois avistaram o casal e resolveram retornar em outro horário para praticar o assalto.

Pernambuco, que estaria armado com uma espingarda e uma pistola 380, teria abandonado os outros criminosos a partir do assassinato de Caffé. De acordo com depoimento de R.A.C., Pernambuco é magro, alto, tem cabelo castanho claro, é forte e tem entre 30 e 40 anos. Ele seria morador da zona sul de SP. A polícia foi até a casa dele, mas não encontrou ninguém.

Já a participação de Agnaldo no crime teria começado na tarde do dia 1º, quando recebeu os namorados em sua casa. Ele seria o caseiro da chácara para onde o casal foi levado.

Em seu primeiro depoimento, Agnaldo negou envolvimento no crime.

Medo

Segundo o menor, Liana não viu o namorado ser assassinado, apesar de ter ficado nas proximidades. "Ela no mínimo viu o companheiro ser levado e ouviu os tiros", disse Balangio Júnior. Mas há a possibilidade da estudante ter presenciado o assassinato, devido ao seu comportamento de medo e submissão relatado pelo adolescente.

A polícia ainda não sabe se Liana passava as noites na chácara ou no mato. O adolescente disse que eles caminhavam horas no meio da mata fechada, à noite. Amedrontada por R.A.C., ela teria inclusive ido pescar com o adolescente.

De acordo com a polícia, a garota, possivelmente, foi "molestada". Exames deverão demonstrar se ela foi violentada antes de ser morta.

Ainda de acordo com a polícia, R.A.C. afirmou, em um primeiro momento, que "passou algo" pela sua cabeça e que sentiu "uma vontade de matar".

A polícia ainda procura as armas utilizadas nas mortes.

Viagem

O casal estava desaparecido desde o último dia 31, quando foi acampar em um sítio na região de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.

Os estudantes mentiram para os pais. Liana havia dito que iria para Ilhabela, no litoral, com um grupo de jovens da comunidade israelita. A família de Caffé disse que sabia que o rapaz iria acampar, mas acreditava que ele estaria com amigos.

Os pais descobriram a mentira dois dias depois de os estudantes viajarem, porque eles não retornavam para casa. Para chegar ao sítio, o casal pegou um ônibus para Embu-Guaçu, em uma viagem de cerca de duas horas. Na cidade, compraram miojo, água, biscoitos e leite em pó.

De lá, pegaram um outro ônibus para Santa Rita, um lugarejo perto do sítio abandonado. Os estudantes ainda andaram 4,5 km a pé até o local em que acamparam, sob um telhado caindo aos pedaços.

Confirmado o desaparecimento, o COE (Comando de Operações Especiais) vasculhou as matas da região em busca do casal.

O enterro de Caffé ocorreu no cemitério da Vila Alpina, na zona leste, e o de Liana, no cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste, na tarde desta terça-feira.

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