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11/11/2003 - 23h39

Garoto acusado de matar namorados ostenta valentia, diz polícia

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da Folha Online

O adolescente R.A.C., 16, detido sob acusação de envolvimento no assassinato dos estudantes Felipe Silva Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, ostenta valentia, segundo a Polícia Civil. Os corpos dos namorados foram localizados nesta segunda-feira, na região de Embu-Guaçu.

Com antecedente criminal por homicídio, o adolescente é acusado de render e assassinar o casal, ao lado de outros dois homens. Um deles, identificado como Agnaldo, foi detido nesta terça-feira, mas nega participação no crime. Ele e o menor deverão passar por acareação.

A polícia afirma, com base no depoimento de R.A.C., que os namorados, em um primeiro momento, seriam roubados. No entanto, Liana teria demonstrado pertencer a uma família "de posses", despertando nos criminosos um plano de sequestro. Os criminosos, porém, não entraram em contato com a família da estudante. Apesar disso, a jovem foi mantida refém.

"Esse menor é uma pessoa muito temida na região, é uma pessoa que ostenta muito a valentia. Então, [o fato de manter a garota refém sem pedir resgate] parece ter sido até uma questão de auto-afirmação, segundo o desvio mental dele, no sentido de desfilar com uma menina bonita", disse o delegado seccional de Taboão, Sílvio Balangio Júnior.

Mortes

Caffé foi assassinado antes de Liana. R.A.C. disse aos policiais que caminhou com a estudante pela mata fechada, durante madrugadas. Há suspeitas de que ela tenha sido violentada. Exames deverão demonstrar se ela foi estuprada antes de ser morta.

De acordo com depoimento do adolescente à Polícia Civil, Caffé teria sido morto no dia 2, a tiros. Liana, morta a facadas, foi poupada por mais alguns dias. Teria sido morta no dia 5.

As datas das mortes relatadas por R.A.C. e as divulgadas pelo IML (Instituto Médico Legal) não batem. Segundo o IML, Caffé foi assassinado na última quinta-feira e Liana, no último domingo.

Viagem

O casal estava desaparecido desde o último dia 31, quando foi acampar em um sítio na região de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. O COE (Comando de Operações Especiais) vasculhou as matas da região.

Os estudantes mentiram para os pais. Liana havia dito que iria para Ilhabela, no litoral, com um grupo de jovens da comunidade israelita. A família de Caffé disse que sabia que o rapaz iria acampar, mas acreditava que ele estaria com amigos.

Os pais descobriram a mentira dois dias depois de os estudantes viajarem, porque eles não retornavam para casa. Para chegar ao sítio, o casal pegou um ônibus para Embu-Guaçu, em uma viagem de cerca de duas horas. Na cidade, compraram miojo, água, biscoitos e leite em pó.

De lá, pegaram um outro ônibus para Santa Rita, um lugarejo perto do sítio abandonado. Os estudantes ainda andaram 4,5 km a pé até o local em que acamparam, sob um telhado caindo aos pedaços.

O enterro de Caffé ocorreu no cemitério da Vila Alpina, na zona leste, e o de Liana, no cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste, na tarde desta terça-feira.

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