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13/11/2003 - 20h33

Acusado confessa envolvimento em morte de casal, afirma polícia

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da Agência Folha, em Recife
da Folha Online

Paulo César da Silva Marques, 32, o Pernambuco, preso nesta quinta-feira em Petrolina (a 770 km de Recife, PE), confessou em depoimento, segundo a polícia, ter assassinado o estudante Felipe Silva Caffé, 19, e estuprado a namorada dele, Liana Friedenbach, 16, encontrada morta a facadas.

Segundo o chefe-geral da Polícia Civil do Estado, Aníbal Moura, o acusado alegou que matou o rapaz para que ele não o reconhecesse depois. Disse que não participou do assassinato da garota e que fugiu de Embu-Guaçu (Grande São Paulo) para a capital paulista após a morte de Felipe.

A confissão ocorreu momentos antes de o acusado embarcar para São Paulo com a equipe de policiais paulistas que participou da sua captura. Até o final da tarde ele negava qualquer envolvimento nos crimes.

Depoimento

De acordo com o delegado Paulo Kock, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo), ele havia confirmado, antes do depoimento, que "estava junto" com os outros acusados, mas negou ter participado das mortes.

Ele também manteve a versão de que o adolescente R.A.C., 16, detido desde a última segunda-feira, matou Felipe e Liana. Na mesma conversa, Pernambuco disse que a estudante havia sido estuprada, mas também negou ter participado do crime.

Segundo o diretor da Polícia Judiciária de Pernambuco, Romero Leal, que participou da conversa com o acusado, antes do depoimento, ele disse que o adolescente assassinou o estudante porque queria ficar com a garota.

Ao ser apresentado formalmente à imprensa, Pernambuco optou pelo silêncio. Disse que não tinha nada a declarar. Só acenou a cabeça negativamente ao ser questionado sobre sua eventual participação no crime.

Preso

Quinto suspeito a ser preso sob acusação de envolvimento no crime, Pernambuco foi detido dentro de um ônibus. Ele foi surpreendido por policiais paulistas e pernambucanos que, em ação conjunta, simulavam uma blitz sanitária na estação rodoviária da cidade.

O acusado estava desarmado, sentado no fundo do ônibus, na poltrona 37. Ele não resistiu à ordem de prisão. Disse que pretendia se esconder na casa de parentes, em sua cidade natal, São José do Egito (a 410 km de Recife).

A prisão de Pernambuco encerra a fase de buscas por suspeitos de participação no crime, disse o delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo, Antonio Mestre Jr.

"A princípio, são cinco os acusados e todos já estão presos", disse.

Reprodução
Os estudantes Felipe e Liana
Outros suspeitos

Na madrugada desta quarta-feira (12) foram detidos Antonio Matias de Barros, 48, que estava com a arma de Pernambuco, usada no crime, e Antônio Caetano Silva, 50, caseiro do local que serviu de cativeiro para Liana. Segundo a polícia, foi ele quem contou em bares da região de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, que Liana estava com um dos integrantes do grupo.

Também foram presos R.A.C., que teria desferido outros golpes de faca contra Liana após Pernambuco, e Aguinaldo Pires, 41.

O adolescente está custodiado. A Justiça decretou a prisão temporária dos outros envolvidos.

Crime

O adolescente R.A.C. disse, segundo a polícia, que caminhava pela mata, no dia 1º, quando conheceu Pernambuco, que caçava na região. Eles, então, avistaram o casal, cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente frequentam o local.

A polícia afirma, ainda de acordo com a versão de R.A.C., que o casal seria vítima de um assalto. Como estavam sem dinheiro, no local do acampamento, as vítimas foram levadas para uma casa localizada em um sítio da região, que serviu como uma espécie de cativeiro. Liana teria insinuado pertencer a uma família rica, despertando nos criminosos um plano de sequestro.

Felipe teria sido morto no dia 2, a tiros. Liana foi poupada por mais alguns dias, disse R.A.C. Teria sido morta no dia 5. O plano de pedir resgate à família de Liana teria falhado, com a aproximação da polícia, resultando na morte da estudante. A família da garota não recebeu pedido de resgate.

As datas das mortes relatadas por R.A.C. e as divulgadas pelo IML (Instituto Médico Legal) não batem. Segundo o IML, Felipe foi assassinado na última quinta-feira e Liana, no domingo.

A polícia acredita que a estudante tenha sido esfaqueada porque a munição da espingarda usada para matar o estudante havia terminado.

Viagem

Os namorados estavam desaparecidos desde o último dia 31, quando foram acampar em um sítio abandonado em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. Os corpos foram encontrados na última segunda-feira. O rapaz foi morto com um tiro na nuca. Liana foi atacada a facadas.

Os estudantes mentiram sobre a viagem para os pais. Liana havia dito que iria para Ilhabela, no litoral, com um grupo de jovens da comunidade israelita. A família de Felipe disse que sabia que o rapaz iria acampar, mas acreditava que ele estaria com amigos.

Os pais descobriram a mentira dois dias depois de os estudantes viajarem, porque eles não retornavam para casa. Para chegar ao sítio, o casal pegou um ônibus para Embu-Guaçu, em uma viagem de cerca de duas horas. Na cidade, compraram miojo, água, biscoitos e leite em pó.

De lá, pegaram um outro ônibus para Santa Rita, um lugarejo perto do sítio abandonado. Os estudantes ainda andaram 4,5 km a pé até o local em que acamparam, sob um telhado caindo aos pedaços.

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