Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/02/2004 - 05h00

Danuza Leão: O que as nuas fazem nos outros 362 dias do ano?

Publicidade

DANUZA LEÃO
colunista da Folha de S.Paulo

O enredo escolhido pela Unidos da Tijuca, que desfilou domingo, foi a ciência, dos alquimistas à descoberta do DNA; a Porto da Pedra, que se exibiu na segunda-feira, também escolheu um tema árido, a comunicação. Pois ambos deram samba, samba dos melhores e desfiles inesquecíveis. Só que é impossível torcer por uma escola só, e cada uma que entra na avenida apaixona, arrebata, e aí começa a torcida. Qual vai ganhar? E quem sabe?

No segundo dia de desfile, não faltaram grávidas: a Portela tinha a ala Futuro, só delas, e Cássia Kiss desfilou seu barrigão na Viradouro. A única carnavalesca grávida que faltou foi Luma de Oliveira, cuja separação continua sendo assunto das mesas de bar do Rio.

Cada escola tem uma média de 4.000 componentes. São sete escolas no domingo, sete na segunda: total, 56 mil pessoas. Vamos imaginar que desse total metade seja de homens, metade de mulheres. Das 28 mil mulheres, descontam-se as baianas, as mais caretas, os destaques com roupas grandes e ricas, e sobram aí, num cálculo pessimista, umas 5.000 que desfilam praticamente nuas.

Nunca passou pela sua cabeça querer saber quem são elas? De onde vêm? O que fazem nos outros 362 dias do ano? Alguns tentam simplificar dizendo "são todas prostitutas", o que não é verdade. Mas afinal?

Mulher não tem muito problema de se mostrar (desde que seja bonita e gostosa), mas até certo ponto. Mas cobrir o corpo de purpurina e deixar só um tapa-sexo mínimo equilibrado não se sabe bem como, não é para qualquer uma. E se a tia do interior estiver vendo a televisão? E o pai aposentado? E o filho pequeno? E os colegas do filho?

Entre elas, deve haver funcionárias públicas, estudantes, balconistas: como encarar o chefe na segunda-feira depois do Carnaval? E depois de serem aplaudidas por 70 mil pessoas na avenida, qual a graça de, na semana seguinte, pegar um cineminha e ir comer uma pizza com o namorado? Por acaso existe algum homem que possa dar a elas a mesma emoção de uma multidão gritando e aplaudindo durante uma hora de desfile? É muita responsabilidade para um homem só, convenhamos.

Mas como Carnaval não é para ser levado a sério, bom mesmo é ver Nelson Rubens e seus colegas na RedeTV! fazendo as maiores baixarias, puxando o cache-sex para ver o que tem por baixo e pedindo um sambinha no pé, isso sem som nem nada.

E elas deixando e sambando, pois não há nada igual a ter a chance de aparecer na televisão pelo menos uma vez na vida.

Especial
  • Fique por dentro do Carnaval 2004
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página