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03/06/2004 - 03h39

Entre jovens, mulher é mais afetada por Aids

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AURELIANO BIANCARELLI
da Folha de S.Paulo

Para cada adolescente homem de 14 a 19 anos com Aids, já existem duas meninas infectadas com HIV. Na população em geral, essa relação é inversa: 1,8 homem para uma mulher. Entre 1999 e abril de 2002, foram registrados 211 mil partos e 220 casos de aborto atendidos na rede pública de saúde, na faixa etária de 10 a 19 anos. Os dados são do Ministério da Saúde.

O avanço da epidemia e o grande número de gestações entre as adolescentes serão temas do 8º Educaids (Encontro Nacional de Educadores para a Prevenção de DST-Aids), que começa hoje em Guarulhos, na Grande São Paulo.

O encontro, patrocinado pela ONG Apta, que trabalha com prevenção e Aids, traz também boas notícias. Cerca de 70% de 2.128 municípios consultados no país têm um programa de informação sobre drogas e sexualidade nas escolas. Pesquisa por amostragem do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em 1998 mostrou que só 19% das cidades tinham atividades nesse sentido.

Os dados atuais são de questionários enviados aos 5.560 municípios do país e respondidos por 2.128 deles. Em seis anos, embora as pesquisas tenham metodologias diferentes, houve um crescimento significativo na prevenção, mesmo limitada, na maioria dos casos, a palestras mensais.

Outra constatação é que apenas 8,8% dos pais são contrários à discussão sobre drogas e sexualidade. As dificuldades maiores estão na falta de treinamento dos professores e de material educativo para as escolas.

A pesquisa foi patrocinada pelos ministérios da Educação e da Saúde e realizada pela Apta.

No final do ano passado, foi iniciado um projeto-piloto de distribuição de camisinha nas escolas, para alunos de 14 a 19 anos. Participaram 449 escolas de cinco cidades que já tinham implantado um programa de prevenção, de Xapuri, no Acre, a Curitiba (PR), passando por São Paulo.

O projeto quer chegar a 205 municípios até o fim do ano --150 já estão habilitados para o início do trabalho. Em 2006, a intenção é oferecer 235 milhões de camisinhas para 2,4 milhões de alunos.

"Para começar a receber os preservativos, a escola precisa já ter implantado um projeto de prevenção", diz Teresinha Pinto, coordenadora da Apta.

Itaquaquecetuba (Grande SP), uma das cinco cidades do projeto inicial, está entre os municípios referência. As 62 escolas estaduais da coordenaria de educação que inclui Itaquaquecetuba e Poá já oferecem programas de prevenção para 80 mil alunos, com a participação de 3.000 professores.

Cinco escolas já disponibilizam camisinhas --um máximo de oito por mês, retiradas quando o aluno desejar. A média é a retirada de quatro a cinco camisinhas por mês, por aluno. Em duas das escolas, as meninas retiram mais preservativos que os meninos.

Na escola da vila Ercília Algarve, em Itaquaquecetuba, "os pais participam da distribuição das camisinhas", segundo Luís Vieira Pita Neto, coordenador de prevenção da diretoria de ensino.

A escola tem uma sala de "bate-papo" onde pais, professores ou alunos do grêmio entregam os preservativos. "Achávamos que os alunos, especialmente as meninas, não se sentiriam à vontade, mas isso não aconteceu", diz Pita.

O trabalho de prevenção nas escolas da região é feito por "atores", profissionais treinados que capacitam professores. As escolas também fazem palestras para pais e moradores da região.
 

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