O
povo é que tem razão
Cristina
Veiga
Equipe GD
Não
precisava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter
ido tão longe para mostrar a miséria a seus
ministros. Bastava dar um passeadazinha por Brasília
mesmo. Aliás, só precisava ir ao lado do Palácio
do Planalto, onde agora trabalha, para ver e apresentar a
seus auxiliares o que é a miséria do povo brasileiro.
Aliás, também não é necessário
ser nenhum expert no assunto para saber disso. Os miseráveis
vizinhos de Lula foram com faixas para a porta da Presidência
da República dizer isto.
"Bolsões
de miséria não são privilégio
do Nordeste", escancarava uma das faixas abertas na porta
do Palácio do Planalto. Se a manifestação
foi promovida por algum adversário político,
não interessa. O fato é que, como disse um dos
manifestantes, "a vila Itapoã não tem iluminação
pública, não tem energia, não tem água
potável, não tem esgoto, não tem segurança,
não tem escola". Assim como as favelas de Teresina,
no Piauí ou a do Recife, em Pernambuco visitadas pelo
presidente e seu staff.
"Nada
mudou. Só ficou a esperança da mudança",
resumiu a dona de casa Regilane Maria da Conceição,
de 23 anos, mãe solteira de três filhos, moradora
da Vila Irmã Dulce, em Teresina. "Votei no Lula
mas não acho que ele e nem ninguém vá
dar jeito. É bonito ficar falando que vai acabar com
a fome, mas isso não é fácil", disse
a feirante Silvânia Araújo, moradora de Brasília
Teimosa, em Recife. Assim como os dizeres da faixa, nada mais
real que as constatações dessas duas senhoras.
O presidente só não precisava ter gasto dinheiro
para ver de perto pessoas sem dinheiro.
Leia
mais:
- Morador de favela de Brasília pede visita
de Lula
- Governo não divulga custo de viagem
- Sem
holofotes, favela amanhece nostálgica e suja
- Vila
no Piauí fica à espera da mudança
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Morador
de favela de Brasília pede visita de Lula
Cerca
de cem moradores de duas favelas de Brasília foram
para a frente do Palácio do Planalto ontem levando
faixas em que pediam a visita do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Segundo
eles, Lula não precisava ter levado seus ministros
ao semi-árido nordestino e ao Vale do Jequitinhonha,
em Minas Gerais, para mostrar a miséria e a fome.
"Bolsões
de miséria não são privilégio
do Nordeste", dizia uma das faixas. "Não
se aperreie. A miséria e a fome estão aqui bem
perto de você, presidente", dizia outra. Os manifestantes
disseram ser moradores das invasões da via Estrutural
e da vila Itapoã.
"Na
vila Itapoã não tem iluminação
pública, não tem energia, não tem água
potável, não tem esgoto, não tem segurança,
não tem escola. Nós queremos que o presidente
vá ver isso de perto", afirmou Severino Rogério
Nascimento.
Segundo
ele, cerca de 30 mil famílias moram nessa favela, e
8.000, na da Estrutural.
A invasão
da margem da via Estrutural é um tradicional reduto
do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB).
Na última
eleição, carros que passavam por lá com
bandeiras do PT eram apedrejados pelos correligionários
do governador.
O líder
da manifestação, Pedro César Ferreira,
negou que ela tenha sido patrocinada pelo governo Roriz, apesar
de duas evidências: as faixas são todas iguais
(só os dizeres são diferentes) e as duas favelas
estão localizadas em dois extremos do Distrito Federal,
a mais de 30 km de distância uma da outra, não
havendo razão para uma manifestação conjunta.
(Folha
de S. Paulo)
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Governo
não divulga custo de viagem
Dois dias
depois de terminada a caravana da fome, o Palácio do
Planalto ainda não tem o custo final da primeira viagem
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros.
A Secretaria de Imprensa do Planalto informou ontem que não
divulgaria os números porque os dados não estão
disponíveis. Também não detalhou o que
foi pago pelo governo.
Passando
por três Estados, a comitiva do presidente se hospedou
em hotéis e pousadas, com diárias que variam
de R$ 27 a R$ 390.
Em Teresina,
por exemplo, foram ocupados pela comitiva cinco quartos do
Rio Poty Hotel - onde a diária do quarto tipo luxo
custa R$ 124 e a da suíte, R$ 390 - e 25 quartos no
Metropolitan, onde a tarifa promocional neste mês é
de R$ 130.
Lula e os ministros passaram a noite no Hotel Atlante Plaza,
um cinco estrelas, na praia de Boa Viagem, em Recife. No local,
as despesas extras com frigobar foram pagas pelos próprios
ministros no sábado pela manhã.
O hotel
não informou quanto foi gasto pelo grupo nem quem pagou
a conta. Mas, se o valor cobrado da comitiva foi o mesmo pago
pelos demais hóspedes, a fatura não foi inferior
a R$ 2.227,50.
O pernoite
nos finais de semana de alta estação, em apartamento
simples ou duplo, custa R$ 180 mais 10% de taxa de serviço,
com café da manhã. Para grupos que ocupem mais
de dez apartamentos, há desconto. Nesse caso, o preço
da diária cai para R$ 135, mais 10% - ou R$ 148,50.
Ainda
na hipótese de só os 28 ministros e Lula terem
se hospedado no local, em 15 apartamentos (1 simples e 14
duplos), o custo do pernoite seria de R$ 2.227,50. O valor
iria para R$ 4.306,5, no caso de cada integrante do primeiro
escalão ter ocupado um quarto.
No sábado,
em Araçuaí (MG), Lula, os ministros e autoridades
usaram quatro ônibus cedidos por duas empresas da região
para fazer o trajeto até Itinga (uma distância
de 40 km).
As empresas
dizem não ter cobrado os custos (R$ 1,60, em média,
por quilômetro rodado). A equipe de assessores e seguranças
do presidente chegou a Minas na quinta-feira.
O grupo
de 38 pessoas se dividiu em duas pousadas, que cobram entre
R$ 27 e R$ 64 o quarto para o casal.
(Folha
de S. Paulo)
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