Maluf
prega tolerância zero para adolescentes
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Depois de defender que os policiais
da Rota deveriam usar fuzis AR-15 e outros aparatos semelhantes
aos das Forças Armadas, o candidato ao Governo de São
Paulo, Paulo Salim Maluf, está cada vez mais "severo".
Agora quer reduzir a maioridade penal para 14 anos. Embora
não seja de sua alçada, ele diz que vai pressionar
o Congresso, a partir de suas "influências",
para reduzir a idade penal de 18 para 14. "Se mata, tem
de responder.", afirmou, durante debate promovido ontem
pelo jornal Folha de S.Paulo.
No evento, seu discurso da segurança
- a lá "Pau, Pau...Paulo Maluf", seu infame
slogan de campanha - contaminou até propostas sobre
educação. Crítico da Progressão
Continuada, na qual não há reprovação
no ensino fundamental, Maluf declarou que o fim do sistema
"vai ajudar a reduzir a violência". Isso porque,
para ele, o aluno chega na 5.ª série "sem
saber ler nem escrever".
Nesse raciocínio simplista
do candidato, a educação, por si só,
tira as crianças da criminalidade. Isto quer dizer,
que o sistema educacional é mais do que suficiente
para erradicar a violência envolvendo crianças
e adolescentes. Típico conceito de pessoas que entendem
pouco - para não dizer conhecimento nulo - das demandas
multisetorias (lazer, cultura, esporte, saúde, entre
outros) desses meninos e meninas em situação
de risco.
Até porque, sabe-se que
o adolescente com menos de dezoito anos é inimputável
mas não impune, pois é responsabilizado por
seus atos e responde por eles conforme o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA) em seu capítulo de medidas sócio-educativas.
Porém, se não há projetos decentes -
repito, decentes - para trabalhar com esse segmento marginalizado,
colocá-lo em cárcere superlotado não
irá mudar absolutamente nada.
Vale lembrar também que
o único que Maluf fez para a "educação"
redentora, enquanto prefeito de São Paulo, foi criar
o programa Leve Leite. Necessário, mas ínfimo
se comparado aos problemas de aprendizagem do alunado. Aliás,
uma iniciativa (como quase todas promovidas pelo político),
recheadas de críticas e suspeitas de superfaturamento.
É para esse tipo de discurso
pobre e oco que, o conceito de tolerância zero deveria
ser válido. São essas idéias que apenas
deseducam o povo e insuflam inúmeros desajustados a
criarem os exércitos de ignorantes, geralmente chamados
de grupos de extermínio.
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