Paulo
Coelho serve de modelo cultural para o Brasil?
Rodrigo
Zavala
Equipe GD
Há
quase uma década, escuto críticos literários
alardearem que o "mago" Paulo Coelho é um
embuste. Outros sequer se dignavam a mencioná-lo em
suas colunas nos cadernos culturais, seguindo o velho ditado
de que "não se chuta cachorro morto". E,
quando questionados pela crescente popularidade de Coelho,
eram taxativos: "se trata de cretinismo popular".
Seja lá
o que for, o cretinismo parece ter chegado a elite cultural.
Eleito ontem para a cadeira número 21 da Academia Brasileira
de Letras (ABL), Coelho teve 22 votos, enquanto seu adversário,
o sociólogo Helio Jaguaribe, recebeu 15 votos. Apesar
da pavorosa literatura, com isso, se tornou referência
no país.
Compositor
popular convertido em escritor contra a mídia, até
se dobrar, Paulo Coelho reflete a própria imagem literária
contemporânea - fácil, supersticiosa e consoladora.
Uma escrita em que o verbo satisfazer sufoca os demais - educar,
entreter, transformar - na prática do imaginário.
No triunfo da maioria, quem perde é a qualidade da
formação do povo.
Não
há como negar que a obra de Paulo Coelho é um
competente material de entretenimento. Afinal, ela é
um sucesso internacional. Ao contrário do que acontece
com os livros de Carlos Heitor Cony, que sempre achou o "mago"
execrável.
Numa época
em que o Pensador é o Gabriel, a literatura e a ABL
parecem ter esquecido seu papel.
|
|
|
Subir
|
|
|