A
vitória dos Arianos
Rodrigo
Zavala
Equipe GD
"As
mulheres podem não entender muito de futebol, mas quando
o assunto é beleza em campo não têm dúvida
em afirmar que a seleção de Luiz Felipe Scolari
ficaria fora no ranking das primeiras do mundo..."
Se o começo
da "reportagem" publicada hoje, dia 27 de maio,
no caderno de esportes do jornal O Estado de S. Paulo, deixa
muito a desejar, seu conteúdo é de arrepiar.
Com a manchete: "Beleza, um título que o Brasil
já perdeu", a matéria não só
deixa claro a inaptidão da jornalista ao falar de futebol,
como também comete uma gafe espantosa na escolha das
fotos.
De um
lado, os retratos dos horríveis: Vampeta, Denilson
(até bem cotado) e Ronaldinho Gaúcho. Do outro,
uma seleta turma de nórdicos, louros, a quem chama
de "bonitões" derretendo-se em suspiros.
A repórter
provavelmente não percebeu que não apontou nenhum
negro no quadro dos galãs. Só arianos para campeões
de beleza. Afinal, o Brasil, país erroneamente chamado
de "democracia racial", é reconhecido pela
presença da discriminação racial contra
afro-brasileiros no imaginário da população.
Não temos talvez o racismo virulento de outros países,
mas temos, sim, um racismo sutil e manhoso - nem por isso
menos maléfico.
Quatrocentos
anos de escravidão reservaram a sociedade brasileira
um confuso plano do imaginário, em que o fenótipo
negro perde credibilidade frente aos arianos. Essa é
a herança da sucessão de erros de nossa história,
reafirmada dia-a-dia por considerações grosseiras
como as feitas pelo jornal.
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