Nos
Estados Unidos, dedo-duro ganha prêmio
Cristina
Veiga
Equipe GD
O estrangeiro
em situação irregular que der informações
sobre o terrorismo vai ganhar como prêmio o visto de
permanência nos Estados Unidos. Isto é, no mínimo,
chantagem. O governo norte-americano é tão cara-de-pau
que ainda chamou esse programa de "Colaboradores Responsáveis".
É o cúmulo. Dedo-duro nos EUA virou colaborador
responsável.
O governo
usa a frágil situação de uma pessoa para
tentar fazer o que o seu famoso serviço secreto - a
CIA - não consegue: encontrar os responsáveis
pelos atentados terroristas contra os EUA em 11 de setembro.
E sabem quem fez a "linda" proposta? Ninguém
menos que o secretário de Justiça da grande
potência, John Ashcroft. Segundo ele, entregar alguém
é colaborar na defesa da vida dos norte-americanos.
Além
de não conseguir defender seu próprio país
de atos terroristas, o governo George W. Bush não é
capaz de reagir de outra forma senão bombardeando o
Afeganistão. O pior é que as medidas de repressão
e o andamento da guerra recebem total apoio da opinião
pública norte-americana. É a lógica invertida
da defesa dos direitos humanos à qual se referiu recentemente
a professora da Faculdade de Educação da Universidade
de São Paulo (USP), Maria Victoria Benevides.
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mais
''Colaboração'' em troca de
visto
Combate
ao terrorismo não justifica violação
dos Direitos Humanos
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''Colaboração''
em troca de visto
Uma oferta
de solução para problemas de permanência
ilegal nos Estados Unidos e até de ''atalho para a
cidadania'' americana foi feita pelo secretário de
Justiça dos Estados Unidos, John Ashcroft, aos estrangeiros
em situação irregular que colaborarem com informações
no combate ao terrorismo. Ao anunciar o novo ''Programa dos
Colaboradores Responsáveis'', Ashcroft disse que o
objetivo é atrair ''estrangeiros que disponham de informações
úteis e confiáveis sobre seu paradeiro [de terroristas],
suas organizações e seus planos, mas possam
estar relutando em fornecê-las a agentes da lei''.
O Serviço
de Imigração e Naturalização,
o Birô Federal de Investigações (FBI)
e a Divisão Criminal do Departamento de Justiça
são instruídos a suspender procedimentos de
expulsão de estrangeiros nos casos que julgarem convincentes.
No rastro
das investigações sobre os atentados de 11 de
setembro em Nova York e Washington, 548 pessoas foram detidas
por entrada ilegal nos EUA, 104 outras foram indiciadas por
diferentes delitos e cerca de 5.000 estão sendo ''convidadas''
para entrevistas.
Num momento
em que o Senado começa a investigar os poderes excepcionais
de investigação e repressão assumidos
pela Casa Branca, Ashcroft voltou a defender a política
oficial de endurecimento face à ameaça terrorista.
Lembrando que espera a colaboração de todos
na defesa da vida dos americanos, ele frisou que por seus
conhecimentos lingüísticos e ''o que sabem de
casa'' muitos estrangeiros podem estar em melhor posição
para informar.
Embora
os que assim merecerem ajuda na obtenção de
vistos de permanência e até de cidadania não
se tornem beneficiários de uma anistia, explicou Ashcroft,
os interessados com documentação irregular não
devem temer: ''Estaremos interessados na informação
de que dispõem, e não em interrogá-los
sobre sua situação'', disse em entrevista na
rede NBC.
As medidas
de repressão e o andamento da guerra no Afeganistão
merecem maciço apoio da opinião pública
americana, segundo pesquisas publicadas no Washington Post
e no USA Today. Segundo a primeira, 60% dos americanos aprovam
os tribunais militares propostos pelo presidente George Bush,
79%, as ''entrevistas'', 75%, a escuta telefônica de
suspeitos. Em ambos os levantamentos os recentes êxitos
militares no Afeganistão rendem índices de aprovação
à guerra na casa dos 80 a 90%.
(Jornal do Brasil)
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