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capital humano

24/10/2007


Até Chicago quer medir os investimentos em pessoas

 

Até a centenária escola de negócios da Universidade de Chicago, considerada "número um" dos cursos de MBA este ano pela "Economist Business Unit", está preocupada em quantificar os investimentos destinados à gestão de pessoas. Mensurar o intangível nas ciências econômicas sempre foi uma virtude da escola, que contabiliza em seu histórico sete prêmios Nobel. Este ano, Roger B. Myerson foi mais um vitorioso de seu quadro de professores.

Mas quando o assunto é contabilizar o dinheiro investido em capital humano, o desafio é grande até para os pragmáticos estudiosos de Chicago. O reitor associado da escola de negócios, William Koozer, responsável pelo MBA executivo, acredita que isto é possível. "Esse retorno aparece nas variações de performance, no nível de promoções e nas taxas de retenção", disse em entrevista exclusiva ao Valor. "Estamos pesquisando formas de mostrar isso para as empresas". Koozer esteve em São Paulo, semana passada, para participar do seminário "Leaders Development 2007", promovido pela empresa Mindquest.

Segundo o reitor, temas como gestão do capital humano, inovação e criatividade hoje fazem parte do currículo da escola. Boa parte dos 120 professores, que se dedicam exclusivamente à vida acadêmica e pesquisa (no total existem 160), tem se empenhado para adaptar seus cursos às novas tendências de ensino. Na entrevista, ele falou sobre o aquecimento da procura pelo MBA este ano, impulsionada pelo maior assédio dos recrutadores e a valorização dos salários. Um recém-formado em Chicago ganha, em média, US$ 130 mil dólares ao ano, fora os bônus. Comentou também a entrada das escolas de administração chinesas na mercado. A seguir os principais trechos da entrevista:

Valor: É possível medir o retorno dos investimentos destinados ao desenvolvimento de pessoas?
William Koozer: As pesquisas que fazemos dizem sim. Uma das coisas que focamos na hora de medir o retorno do investimento é o quanto os empregados estão bem em seus empregos, o quanto eles são importantes para a organização, o quão bem você os segura. São alguns aspectos que as pessoas devem olhar quando pensam em gastos com capital humano e desenvolvimento gerencial. Como as pessoas estão aparece na avaliação de performance, como elas contribuem para a organização e se elas vão ficar nela, pode ser medido com as taxas de retenção. Essas são coisas que as companhias já estão começando a fazer e que nós estamos encorajando para que façam mais e mais, porque os gastos estão aumentando o tempo todo e é preciso demonstrar que eles são válidos.

Valor: Pelo que o senhor observa as companhias fazem o que falam ou o discurso não chega à prática?
Koozer: Existem empresas que fazem um bom trabalho e outras que falam sobre mas na prática não fazem um trabalho tão bom. E tem aquelas para as quais o desenvolvimento do capital humano ainda não é prioridade. Recursos humanos, desenvolvimento gerencial, de capital humano, não importa como você chame, tornou-se incrivelmente importante no mundo globalizado. Isso porque ele está tecnicamente mais sofisticado e hoje as habilidades das pessoas se tornaram mais importantes do que a infra-estrutura tecnológica.

Valor: Os investimentos na área de capital humano estão crescendo e acompanhando esta evolução?
Koozer: Acho que estão crescendo. As organizações estão mudando sua postura. O que vemos são muitos indivíduos entendendo a sua importância, mesmo quando as organizações não entendem. Então temos vários casos onde as pessoas decidem investir nelas mesmas, ganhando títulos, fazendo cursos curtos ou online. Elas reconhecem a importância disso para a própria carreira.

Valor: Chicago tem muitos alunos que bancam o próprio curso?
Koozer: A maioria dos estudantes do nosso MBA tempo integral paga do próprio bolso (cerca de US$ 84 mil, fora o custo de moradia). No MBA executivo, um terço dos nosso alunos bancam o curso. Esse número aumentou nos últimos 15 anos. Os cursos curtos são tipicamente bancados pelas companhias. Mas não é raro os indivíduos irem para suas companhia dizerem o quanto é importante para eles e elas acabarem concordando em pagar.

Valor: Em termos acadêmicos, a ênfase nos estudos sobre gestão de pessoas tem crescido?
Koozer: Nosso foco particular nesta área está voltado para como os princípios da economia agem no desenvolvimento do capital humano, assim como acontece no capital social ou tecnológico. Nossos professores fazem mais estudos nessa área, do que faziam há alguns anos. Principalmente sobre como os indivíduos se desenvolvem e isso gera valor econômico. Esses conceitos estão muito mais presentes nas nossas classes do que há cinco, dez anos.

Valor: Grandes escolas americanas têm promovido mudanças recentes em seus currículos, Chicago também está fazendo isso?
Koozer: Nós sempre mudamos o currículo, de várias maneiras. Os professores individualmente adaptam suas classes ao que acontece no mercado. Eles muitas vezes mantém o título das classes de dez anos atrás, mas o material e o conceito são novos. Nós também temos revisões de currículo regulares e formais que acontecem quando um grupo de professores juntos identificam as áreas em que precisamos expandir e as que talvez devamos dar menos ênfase.

Valor: Disciplinas ligadas à criatividade e inovação entraram no currículo?
Koozer: No MBA full time temos uma classe chamada "leadership exploration and development" e um dos conceitos chave para ela é a criatividade e a inovação. Um dos nossos professores tem o título de professor de administração criativa. Ele dá várias aulas sobre o papel da estratégia, como uma organização pode se tornar mais criativa, se adaptar para ser mais inovadora e dar um passo a frente. Ele dá uma aula eletiva no nosso programa de MBA chamada "personal organizational creativity". Então esses conceitos eu acho que existem em cursos específicos, mas tendem a permear várias classes.

Valor: Que tipo de alunos vocês procuram?
Koozer: De uma forma muito simples: procuramos alunos brilhantes, com boa performance na graduação, uma boa carreira e que achamos que se dará bem como alumni. Alguém que poderá crescer. Queremos gente que se comunique bem, interessante, que se adapte bem com pessoas de backgrounds diferentes na hora de trabalhar. Queremos pessoas motivadas e excitadas com a idéia de passar um tempo em Chicago.

Valor: Como está o mercado de MBA este ano?
Koozer: É cedo para falar, mas tudo indica que será um ano muito bom de inscrições. Estudantes de todas as partes do mundo estão interessados no MBA. Isso porque o recrutamento de alunos na porta do campus está em alta. Existe uma grande demanda na área de serviços financeiros, bancos de investimentos, fundos de private equity, consultorias e todos oferecem bons salários.

Valor: Como o senhor vê o crescimento do número de universidades e escolas de negócios em novos mercados como o chinês e indiano?
Koozer: Essas universidades estão claramente preenchendo uma necessidade. Existe uma grande demanda para aumentar o número de talentos na administração em todo o mundo. Existem escolas muito boas surgindo na China, na Índia e também no Brasil. Mas existe uma demanda tão grande nas companhias por talentos que há espaço para muitos players.

Valor: Esse crescimento pode tirar alguns chineses das escolas americanas? Isso preocupa?
Koozer: As pessoas vem para o MBA por muitas razões. Alguns chineses vêm para Chicago melhorar o inglês, encontrar estudantes de todos os lugares do mundo. Outros preferem ficar perto de casa por razões pessoais. Eles podem estar interessados em trabalhar para companhias na China e estão felizes com os programas locais, justamente porque eles têm prioritariamente participantes chineses. Então existem diferenças e as pessoas fazem escolhas baseadas em suas necessidades.

Valor: A escola já investiu no mercado asiático? Por que?
Koozer: Temos um campus em Cingapura que atrai bastante chineses. Temos muitos executivos da Ásia. Temos outro em Londres que atrai gente de toda a Europa e também da América do Sul. Abrimos o de Cingapura em 2000 e o de Londres em 1994. Queríamos oferecer mais opções. Se o estudante está interessado no programa de MBA integral, de dois anos, vai para Chicago. Se ele está com trinta e poucos anos e não quer parar de trabalhar pode fazer o MBA executivo em Chicago ou em Londres. Temos vários estudantes do Brasil que preferem ir para Londres.

Valor: Como o senhor está vendo a situação econômica do Brasil?
Koozer: Não sou expert em Brasil, mas tenho ouvido coisas muito boas sobre o país, sobre como a economia melhorou. Hoje, temos muito mais estudantes brasileiros interessados em voltar para casa. Há alguns anos, eles certamente preferiam trabalhar em Nova York ou Londres. Este é um bom sinal.

Stela Campos
O Valor Econômico.

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