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comunidade
20/10/2004
Nas favelas, cinco vezes mais filhos

 

RIO - Um estudo do economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a taxa de fecundidade entre adolescentes nas cinco maiores favelas do Rio é cinco vezes maior do que entre as que moram nos cinco bairros de renda mais alta da cidade.

A taxa média de filhos por menina de 15 a 19 anos das Favelas da Rocinha, da Maré, do Complexo do Alemão, do Jacarezinho e da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, é de 0,266. Já a dos bairros de Lagoa, Ipanema, Botafogo, Copacabana e Tijuca é de 0,054. O economista cruzou dados do Censo 2000 com
os números de recém-nascidos nas regiões administrativas da prefeitura.

“O resultado mostra que, quanto mais pobre, maior é o número de filhos das mulheres. Isso acontece em todas as faixas de idade, mas foi mais forte entre
as adolescentes”, explica o pesquisador, para quem o estudo comprova que a taxa de fecundidade nas favelas está ligada à baixa renda e, conseqüentemente,
ao baixo nível de escolaridade.

Neri cita a Rocinha e a Barra da Tijuca. A favela, que tem um dos menores índices de escolaridade do Rio, tem taxa de fecundidade de 0,25 na faixa analisada. Ao lado, nos apartamentos voltados para o mar da Barra, a taxa é bem menor: 0,12. “Com mais filhos e menos recursos, a família não investe em educação e forma-
se um círculo vicioso. Pobreza leva a fecundidade e fecundidade leva a pobreza.”

Enfermeira especializada em obstetrícia, Viviane Costa conta que as adolescentes grávidas já são responsáveis por cerca de 30% dos atendimentos que faz no posto do Programa de Saúde da Família da Favela do Canal do Anil, em Jacarepaguá, zona oeste.

“Pré-natal tornou-se o carro-chefe do posto, como o tratamento de hipertensão. O número de adolescentes grávidas tem aumentado e a idade delas, diminuído. Recebemos cada vez mais meninas de 14, até 13 anos.”

Baile
Uma das pacientes de Viviane é Lídia da Silva Costa, de 16 anos. Grávida de quatro meses, ela conta que não conseguiu prevenir a gravidez porque tinha vergonha de ir ao ginecologista.

“Queria ter filhos só com 18 anos, mas como veio agora não achei ruim. Quando eu tiver 26, meu filho já vai ter 10 anos. Vou poder até curtir um baile com ele”, diz.

Para Neri, apesar de exposição a informações sobre métodos anticoncepcionais, da influência da TV e dos programas sociais, a educação é que faz a diferença
entre meninas de comunidades carentes e de classe média.

“A renda acaba determinando a escolaridade, que faz diferença. Não é só o acesso à informação que deve ser levado em conta, mas a capacidade de formar
opinião.”

Jenifer Chaves da Cruz, de 16 anos, gosta da barriga de nove meses. Ela não planejou a gravidez, mas revela que sempre admirou as amigas que também se
tornaram mães precoces. Obrigada pela tia que a criava a ir morar com o namorado, ela confessa que dificilmente voltará à escola. “Parei na sétima série. Até pensava em continuar e trabalhar, mas agora não dá mais.”


ALEXANDRE RODRIGUES
do jornal O Estado de S. Paulo

   

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