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comunidade
28/06/2004
Só 1/3 do ensino particular é adequado

 

O diagnóstico do quadro precário da educação brasileira costuma ser feito olhando-se só para as escolas públicas. No entanto dados tabulados a pedido da Folha pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do MEC, mostram que a situação dos alunos de escolas privadas no ensino básico também não é satisfatória.

Apenas 27,6% dos alunos da rede privada que fizeram as provas de matemática e de língua portuguesa do Saeb (exame do MEC que avalia a qualidade da educação) tiveram desempenho considerado adequado pelo ministério.

Comparando com o desempenho da rede pública, o resultado pode parecer uma maravilha -a porcentagem de alunos no nível adequado nas públicas foi de 3,7% no teste de língua portuguesa e de 2,1% no de matemática.

Para o presidente do Inep, Eliezer Pacheco, porém, os resultados são preocupantes: "Os alunos de escolas particulares, em sua maioria, têm muito mais acesso a bens culturais do que os da rede pública. Se a clientela desses estabelecimentos é de pessoas de nível socioeconômico muito mais favorável ao aprendizado, esse resultado é motivo de preocupação".

Para Pacheco, é preciso sempre levar em consideração na comparação do resultado entre colégios públicos e particulares que o perfil do aluno é muito diferente. "A desigualdade no rendimento dos alunos das públicas e das privadas é muito mais reflexo da realidade econômica do que indicador de um nível de aprendizado. A maior parte do aprendizado é explicada por fatores extra-escolares", diz.

Os resultados do Saeb, divulgados neste mês, mostraram que, pela nota média obtida na prova de língua portuguesa dos alunos de todas as redes da 4ª série do ensino fundamental, a maioria é capaz de achar informações explícitas em textos narrativos mais longos e em anúncios de classificados, mas não compreende textos mais complexos e informativos.
Para o educador Ruben Klein, não há dúvida quanto ao fato de o nível socioeconômico do estudante explicar boa parte do sucesso ou do fracasso escolar.

Ele diz, porém, que análises feitas nos resultados do Saeb de anos anteriores mostram que o desempenho do aluno da rede privada é melhor mesmo quando são comparados estudantes com o mesmo nível socioeconômico.

Todos os educadores ouvidos pela Folha lembram que é preciso ter em mente que, mesmo no setor privado, as escolas podem ser muito diferentes. Há desde escolas que atendem só uma elite econômica até instituições que cobram mensalidades bem mais baratas, tentando atrair pais insatisfeitos com a rede pública.

Rose Neubauer, ex-secretária estadual da Educação de São Paulo e pesquisadora do Instituto Protagonistes, diz que a troca da escola pública por uma privada de mensalidade muito baixa pode não resultar na melhoria do aprendizado. "Quando o ensino privado é muito barato e ainda tem que ter lucro, pode não ser melhor do que o da rede pública."

Mas ela diz que há fatores que podem fazer do ensino privado melhor do que o público mesmo em escolas mais baratas. "Um professor da rede pública pode faltar a várias aulas e, mesmo assim, dificilmente será mandado embora. Na rede privada, isso é mais difícil de acontecer."
Para Ruben Klein, mesmo nas escolas mais caras há alunos com bom e mau desempenho: "Mesmo nas escolas boas, nem todo mundo sabe matemática da maneira como ela é exigida. Tanto é assim que nem todos os alunos, mesmo dos melhores colégios, passam no vestibular".

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, José Augusto Mattos Lourenço, contesta o resultado: "Não acredito que a escola particular esteja num patamar tão baixo como o demonstrado. Mesmo assim, é preciso levar em conta que há escolas com tecnologia de ponta e outras que não têm condições de oferecer essa estrutura aos alunos".

Para Neubauer, é preciso discutir se os padrões de desempenho considerados adequados pelo Saeb não são quase impossíveis de serem atingidos. Pacheco, do Inep, defende o nível de dificuldade da prova: "Esse rigor é um instrumento importante para a melhoria da qualidade do ensino".

ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo

   

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