O
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), encaminhará
à Câmara Municipal um projeto de lei para combater
a poluição visual que, se for aprovado pelos
vereadores, proibirá a utilização de
outdoors e outros tipos de anúncio publicitário
nas ruas e em imóveis da cidade.
Fazem parte do material proibido faixas, anúncios
luminosos (backlight e frontlight), cartazes perpendiculares
à fachada do estabelecimento, propaganda em empena
cega (na fachada de prédios), telões eletrônicos
de alta resolução (que parecem televisores gigantes)
e propaganda em bicicletas, carros e trailers.
O projeto de lei disciplina até mesmo o interior de
estabelecimentos comerciais quando há vitrines que
permitem a visualização pelo lado de fora. Neste
caso, a proibição atingiria cartazes com anúncios
de liquidações.
O projeto não é apenas restritivo. Prevê,
por outro lado, que a prefeitura faça licitação
(por concessão) para que empresas particulares instalem
anúncios no mobiliário urbano, como totens,
parada de ônibus, sanitários públicos,
bancas de jornal, lixeiras e relógios, entre outros.
Pela proposta do Executivo, estariam permitidos anúncios
indicativos, aqueles que divulgam o nome do estabelecimento
--lojas, bancos e restaurantes, entre outros--, desde que
não ultrapassem uma área total de 4 m2.
As proibições dessa nova proposta assemelham-se
às previstas em lei municipal aprovada em junho de
2005, que restringia a publicidade apenas no centro velho
da cidade. Ontem, a Folha circulou por essa área e
constatou que ainda há muitos anúncios irregulares,
apesar de alguns estabelecimentos terem se adequado à
lei.
A rua São Bento, a duas quadras do gabinete de Kassab,
é um exemplo do descumprimento da legislação.
Há diversas casas comerciais com anúncios irregulares.
Rafael da Silva, gerente do restaurante Gula Benta, que anuncia
espetinhos numa placa enorme --e ilegal-- na fachada, diz
que foi o proprietário que mandou colocar a propaganda.
"Todos colocam. Por que não nós?"
A Subprefeitura da Sé, responsável pela fiscalização
dessa área, não havia dado resposta até
o fechamento desta edição.
O projeto de reordenar a publicidade na cidade era tema freqüente
nas reuniões do ex-prefeito José Serra (PSDB)
com seus secretários. Mas a proposta sempre esbarrava
em dificuldades burocráticas de implantação
e no manancial de leis que versam sobre o assunto, algumas
contraditórias.
O discurso, agora, é diferente. Assessores de Kassab
têm chamado esse projeto, que consolidará as
leis existentes, de "tolerância zero" para
a publicidade.
A expectativa é concluir a análise jurídica
do projeto de lei em junho e enviar a proposta para a avaliação
dos vereadores. Haverá multa (a partir de R$ 5 mil)
para quem desrespeitar a lei.
Entidades ligadas a lojistas e ao mercado publicitário
criticam a proposta. Já a urbanista Lucila Lacreta,
que participou da discussão para criar uma das leis
anteriores, afirmou que a adoção de um novo
texto é "fantástica". Mas teme que
a prefeitura, ao coibir anúncios, compense ao liberar
a publicidade no mobiliário urbano. "A poluição
visual hoje é fruto dessa lei [em vigor], um absurdo
de permissiva", afirmou Lacreta, diretora do Movimento
Defenda São Paulo.
Assim como técnicos da prefeitura envolvidos no projeto
ouvidos pela Folha, ela compara a capital paulista a outras
cidades cosmopolitas. "Nova York só tem publicidade
na Times Square e em Lisboa não tem quase nada."
As informações são
da Folha Online, editoria Cotidiano.
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