Há tempos não se via
no Brasil um gesto tão tresloucado de um personagem
político como a greve de Garotinho sabe-se lá
contra quem, num protesto contra as denúncias que vem
recebendo por suas ligações nebulosas com patrocinadores
de sua campanha presidencial. Para aumentar o clima de circo,
ele mandou uma carta, na condição de vítima
de perseguição política, à OEA
(Organização dos Estados Americanos), acenando
um complô que une mídia, PT e capital financeiro.
Se ele quer protestar contra a mídia, a democracia
oferece canais institucionais. Pode exigir direito de resposta
(o que a imprensa séria deve respeitar) e usar os fatos
para se defender. Pode também processar os veículos
de comunicação, mais um de seus direitos que
devemos respeitar.
É inacreditável que um tipo assim consiga ser
um dos principais candidatos a presidente. Do jeito que a
política funciona como marketing e show (prova disso
é o extraordinário sucesso de Lula, apesar de
todas as denúncias), não me admiraria que, na
próxima pesquisa, ele esteja com menos pontos na balança
e mais nas pesquisas de opinião.
Coluna originalmente publicada na Folha Oline,
na editoria Pensata.
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